segunda-feira, julho 15, 2024

A MACONHA E O SER ÚNICO Até que ponto o terapeuta está preparado para trabalhar na clínica canábica utilizando o ser único como referencial

INSPIRALLI 










A MACONHA E O SER ÚNICO 

 Até que ponto o terapeuta está preparado para trabalhar na clínica canábica utilizando o ser único como referencial









CARMEN REGINA PRERIRA DE SOUZA 










SÃO PAULO - SP 

2024

INSPIRALLI 











A MACONHA E O SER ÚNICO  

 Até que ponto o terapeuta está preparado para trabalhar na clínica canábica utilizando o ser único como referencial





Manuscrito apresentado como trabalho de conclusão no curso de Especialização de Cannabis Medicinal 



CARMEN REGINA PEREIRA DE SOUZA 








SÃO PAULO - SP 

2024

EPÍGRAFE 



A doença é o produto final de um distúrbio profundo que se corporifica no corpo físico. 

A vida é energia. 

Sua saúde física, seus pequenos ou grandes gestos, seu tom de voz, seu comportamento, suas relações com os outros, tudo isso são fenômenos energéticos.

Embora a enfermidade pareça tão cruel, não deverá ser analisada como tal; mas, se interpretada de forma correta, a guiará à supressão de crenças, pensamentos e atitudes incoerentes – autêntica origem de suas doenças. (SANTO NETO)























 


RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi investigar o processo da interação entre a maconha e o ser único e a clínica.

Sendo assim, Bach [s.d.] e Grillo (2001) foram utilizados como referencial teórico das essências vibracionais, Sidarta com seu livro Maconha, cérebro e Saúde embasa o capítulo sobre a maconha e o site Cannabis Saúde com seus artigos, trazendo informação e novas formas de buscar conhecimento complementa o trabalho. 

O ser único vislumbra que alma e corpo são um único elemento, o ser psicossomático.  Sendo constatado que são indivisíveis, a integração do ser se faz necessária para o crescimento do ser tanto física quanto mental. 

Com base nesses princípios, este trabalho foi pautado em uma pesquisa bibliográfica.

Para se atingir o objetivo, foram desenvolvidos dois capítulos. O capítulo um, A Maconha e seus sub capítulos: A Maconha através dos Tempos e dos Rituais, a Maconha e a Bíblia e a Maconha e a Trajetória no Brasil.  O capítulo dois, O Ser Único e seus sub capítulos, O Sistema Endocanabinoide, a Relação Terapeuta X Paciente, Prescrição e Essências  Vibracionais ou Essências Florais.

Concluiu-se, que, a interação entre terapeuta e paciente necessita de maior empenho e preparo por parte do terapeuta no desempenho da clínica. Faz- se necessário a visão do ser psicossomático, um ser único que necessita ser visto em todas as suas dimensões. 




SUMÁRIO



INTRODUÇÃO  6


CAPÍTULO 1 - A MACONHA    8

1.1 - A MACONHA ATRAVÉS DOS TEMPOS E DOS RITUAIS   10

1.2 - A MACONHA E A BÍBLIA    22

1.3 - A MACONHA E A TRAJETÓRIA NO BRASIL   29


CAPÍTULO 2 - O SER ÚNICO    25

2.1 - O SISTEMA ENDOCANABINOIDE  41

2.2. - A RELAÇÃO TERAPEUTA X PACIENTE 53

2.3 -  PRESCRIÇÃO    59

2.4 - ESSÊNCIAS VIBRACIONAIS OU ESSÊNCIAS FLORAIS  60


CONCLUSÃO  66


BIBLIOGRAFIA 















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A MACONHA E O SER ÚNICO - Até que ponto o terapeuta está preparado para trabalhar na clínica canábica utilizando o ser único como referencial?



INTRODUÇÃO


Este manuscrito, consiste na apresentação de um novo paradigma na relação terapeuta  e  paciente na clínica, utilizando a santa Maconha como ferramenta para integração do corpo, mente e espírito. Mostrando a mudança no paradigma, na forma de enxergar o paciente, durante a consulta e durante o acompanhamento, com  visão abrangente para alcançar os resultados.


A Maconha é uma das drogas recreativas mais conhecidas e uma das mais antigas plantas domesticadas pelo homem.


Nos primórdios, esteve presente na agricultura, tecnologia, religião e medicina. Há registro nas escrituras sagradas e em diversos escritos médicos nas mais diversas culturas. 


Mas mesmo com todas as evidências, através dos tempos, ainda negamos o fato de tratar-se de uma panaceia. 


Ela ajuda a nos conectar com o eu interior, promove a escuta para compreensão dos desequilíbrios e a posterior cura, através da homeostase. 


Com base nesses princípios, este trabalho foi pautado em uma pesquisa bibliográfica. objetivando  investigar o processo de interação e qualidades necessárias entre terapeuta e paciente para trabalhar com a maconha na clínica. 


Para atingir o objetivo, foram desenvolvidos dois capítulos: A Maconha e o Ser Único.


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O capítulo um com quatro sub capítulos, abordam a história da maconha através dos tempo e rituais, os referenciais pertencem a Malcher e Ribeiro (2007), com o livro Maconha, cérebro e saúde.


 A maconha e a Bíblia foi pautada nos artigos do site Cannabis e Saúde (2020), que trouxe uma nova abordagem para trajetória da maconha. Historiadores afirmam que Jesus usou o óleo sagrada da Maconha para curar as doenças do corpo antes de curar a mente. A visão do ser único desde sempre. 


Já a maconha e a trajetória no Brasil, conta com o referencial de Carlini (2006), com a História da Maconha no Brasil. Um relato que aborda as nuances que envolvem o tema MACONHA, onde hipocrisia, política, lobby e omissão colocaram a maconha no rol das drogas  proibidas.

   

O capítulo dois é composto O Ser Único, com referências de Bach(s.d), Dahlke e Dethlefsen (1983), entre outros. Trazendo a compreensão do homem como um ser único onde mente e corpo são indivisíveis.  E que a doença e a saúde são conceitos singulares, referem-se a um estado do indivíduo e não, como se costuma dizer hoje com freqüência, a órgãos ou partes do corpo. Onde a consciência apresenta informações que se manifestam no corpo, proporcionando que o corpo expresse as informações da consciência na forma de doenças.

 

O Sub capítulo o Sistema Endocanabinoide, tem como referência a aula do Prof.Lauro Pontes através do Curso da MovReCam, o site Cannabis e Saúde (2022) e o médico Diego Castro (2020), onde explica a forma com que a maconha interage com o ser único e a capacidade dos extratos da planta em causar uma variedade de efeitos medicinais reconhecidos desde o terceiro milênio a.C, quando textos chineses descreveram sua utilidade no alívio da dor e cólicas. 


A Relação Terapeuta X Paciente, tem Czeresina (2007), Mayumi (2023) e Santos (2004) afirmando que a relação médico-paciente é um componente crucial para o sucesso da saúde e bem-estar do paciente. Construindo uma parceria sólida, onde o 

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médico pode compreender plenamente as necessidades e expectativas do paciente, e o paciente pode sentir-se confortável para compartilhar suas preocupações e seguir as orientações médicas de maneira mais efetiva.  sendo obrigatório uma visão dimensional deste Ser. 


Seguido do sub capítulo Prescrição, onde Tammer (2023) foi o referencial, preconizando que cada pessoa é um Ser único,  por isso a posologia difere de pessoa para pessoa. 


O último sub capítulo, traz as Essência Florais, onde Bach (s.d), Grillo (2001), Barnard (1979) com seus livros sustentam a tese do ser único, seguido dos trabalhos acadêmicos  de Lang (2020) Terapia Floral: uma revisão interativa da literatura (dissertação) - Universidade de São Paulo, Martins (2021), Essência Floral de Cannabis enquanto Terapia Vibracional -  UNIFESP e a autora, Souza ( 2005). A Utilização da Terapia Floral em uma Creche e a Integração do Ser - Um estudo de caso. Monografia do Curso de Pós graduação lato Senso em Psicossomática Contemporânea - Universidade Gama Filho.     


Nada mais oportuno que a afirmação de Dahlke e Dethlefsen (1983) de que a pessoa quando saudável percebe o contato entre o seu eu verdadeiro e o mundo externo, pois tem consciência da sua individualidade e a consciência das suas ações assumindo, assim, a responsabilidade por seus atos. 










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CAPÍTULO 1 


A MACONHA                     


Falar sobre Maconha significa confrontar estruturas mantenedoras de hipocrisia, opressão, seletividade e racismo que opera secularmente, visando interesses financeiros próprios contra uma cultura milenar.


Conforme Malcher e Ribeiro (2007), a denominação científica de Cannabis Sativa, designa  uma única espécie de planta, e suas 3 subespécies.


A espécie silvestre da Cannabis Indica, cresce nas montanhas do Nepal, entre um metro e três de altura, com inflorescências brancas com perfume característico. 


Já na Mongólia e sul da Sibéria, ela apresenta menor porte e mais robustez, a Cannabis Ruderalis, que chega a um metro e meio. 


Enquanto nas savanas africanas, a Cannabis Sativa pode chegar a cinco metros.


Existem plantas femininas e plantas masculinas, sendo que os princípios ativos, os canabinóides, estão presentes em maior quantidade nas plantas femininas, são encontrados na resina secretada pelas glândulas epidérmicas localizadas na superfície das folhas, nos brotos mais altos do arbusto e nas inflorescências, onde as maiores concentrações são encontradas.  


Os frutos da cannabis se assemelham a minúsculas amêndoas com casca fina e lisa, e são frequentemente confundidos com sementes. Eles possuem pequenas quantidades de canabinoides.


Acredita-se que a cannabis seja originária da região central da Ásia, onde ainda é encontrada em sua forma silvestre. Há evidências de que a planta já existia na 


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região, quando o clima era mais úmido e quente, confirmando sua extraordinária capacidade adaptativa.   


A partir desta região, espalhou-se pelo mundo, através de movimentos migratórios  nômades e do comércio. Sua interação com o homem gerou inúmeras variedades das três subespécies. Podendo apresentar, mais fibra, mais resina…


 

1.1 A MACONHA ATRAVÉS DOS TEMPOS E DOS RITUAIS 

As mais antigas evidências da relação com o homem origina-se na China, em 1953, numa vila chamada Pan-p’o, às margens do Rio Amarelo, trabalhadores encontraram   testemunho material do que fora a vida em uma vila asiática da idade da pedra. Os indícios de que a Cannabis fazia parte daquele cotidiano provêm de peças de cerâmica decoradas com marcas de tramas feitas das fibras. O achado arqueológico sugere que era usada na tecelagem rudimentar e na confecção de cordas e redes de pesca pelos ancestrais dos chineses. 


Outros sítios arqueológicos espalhados pela China e na Ilha de Taiwan revelaram que ao longo dos séculos a versatilidade dos usos tornou seu cultivo imprescindível nas vilas do leste asiático. Seus pequenos frutos se tornaram um dos mais importantes grãos usados na alimentação, e uma fonte primordial de óleo comestível e combustível. Seu caule tornou-se a principal fonte de fibras não somente para a tecelagem, mas também no fortalecimento de tijolos e utensílios de cerâmica. De fato, a qualidade excepcional dessas longas fibras impulsionou novos saltos tecnológicos, equipando, por exemplo, os arqueiros locais com cordas muito mais potentes e duradouras que as antigas fibras de bambu. Além disso, em contraste com o novo poder destruidor das flechas, a qualidade das fibras da Cannabis também possibilitou aos chineses a invenção do papel. 


Malcher e Sidarta, concordam com o botânico e geógrafo russo Nicolay Vavilov (1887-1943), quando afirma, que o homem primitivo experimentava todas as partes das plantas que pudesse mastigar, de forma que os brotos e as inflorescências, ricas 

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em resinas aromáticas e pequenos frutos oleosos deveriam lhe parecer especialmente atraentes. Inclusive a ingestão dos princípios psicotrópicos abundantes na resina, transformavam a refeição numa experiência inesquecível. 


Os efeitos mentais da maconha teriam representado um mergulho profundo em uma realidade completamente fora desta, produzindo intensas sensações místicas. Assim, em algum momento longínquo do passado, mais do que uma fonte de fibras, alimentos e óleo, variedades da Cannabis ricas em resina (maconha) provavelmente passaram a ser usadas para atingir a comunhão com o mundo sobrenatural. 


As lendas chinesas contam, que no inicio da civilização humana, os céus mandaram para a terra “Reis-Sábios” para habitar junto aos homens e ensinar-lhes a sobreviver. Um desses sábios, o legendário imperador Shen Nong, teria se aventurado pelas florestas para pesquisar as propriedades medicinais das plantas, ingerindo-as uma a uma, para descobrir os remédios, venenos e antídotos. Aprendendo as propriedades farmacológicas das plantas por tentativa acerto/erro, experimentando-as. Assim como Dr. Edward Bach, na década de 30 pesquisou utilizou o mesmo método para criar os florais de Bach.  

Esse tipo de conhecimento empírico foi adquirido e preservado pelos antigos xamãs asiáticos, que praticavam sua medicina fundamentados na crença de que as doenças eram demônios invasores. 


Em 2006, foi encontrada na divisa entre China, Mongólia e Rússia a tumba de um xamã. Com ele foi enterrada uma cesta de couro contendo um farto suprimento de brotos e inflorescências de maconha que, devido ao frio, ainda preservavam um alto teor de canabinóides. Para os xamãs propriedades psicotrópicas e medicinais dos mais diversos princípios da natureza, inclusive a maconha, eram sagradas e constituíam valiosas ferramentas farmacológicas necessárias ao oficio diário de diminuir as dores do corpo e dialogar com as diferentes dimensões da consciência. 




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Mesmo desprovidos de metodologia cientifica, esses curandeiros foram pioneiros na descoberta de fármacos e no teste de suas aplicações, fornecendo fundamentais contribuições à medicina tradicional chinesa. 


De fato, a mais antiga farmacopéia do mundo, o Pen-ts’ao ching, escrita no primeiro  século após Cristo, contém detalhada lista dos princípios medicinais oriundos dos reinos mineral, animal e vegetal. Muitos destes fármacos tiveram suas propriedades psicofarmacológicas e medicinais confirmadas pelos testes da ciência moderna. Entre estes está a maconha, indicada para o tratamento de dor reumática, constipação, problemas femininos associados à menstruação, beribéri, gota, malária e falta de concentração, merecendo também uma nota emblemática sobre a melhor forma de administrá-la: “A fruta da maconha (Ma-fen) possui um suave sabor amargo e pode ser tóxica (...) se consumida em excesso, pode causar a visão de demônios que perambulam como loucos, mas se for usada de forma mais esparsa, a pessoa será capaz de se comunicar com os espíritos e seu corpo será iluminado.” Este equivalente antigo dos atuais “use com parcimônia” ou “beba com moderação” demonstra que os antepassados chineses já conheciam muito bem as propriedades psicotrópicas da maconha e os riscos de seu abuso. 


Por volta de 700 a.C, no final da dinastia Zhou, o xamanismo foi marginalizado e a medicina consolidou-se como uma doutrina separada da religião. Com a estigmatização do xamanismo, caíram em declínio na China os usos medicinais da maconha. Isso não impediu, contudo, que as propriedades da maconha voltassem a ocupar lugar de destaque na medicina da China, quando Hua T ́o (110-207 a.C.), o fundador da cirurgia chinesa, passou a utilizá-la como anestésico misturando-a ao vinho. 


A prática do xamanismo e sua relação com a maconha permanecem em diversas culturas, sua disseminação rumo à Eurária por volta do século VII a.C., iniciada por tribos gregárias siberianas contribuiu para o alastramento do uso e cultivo da maconha na Ásia.


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Heródoto (485-425 a.C.) nos legou com o melhor relato sobre os efeitos psicoativos da maconha na antiguidade. Segundo ele, após enterrarem seus mortos, os citas entravam em uma tenda e jogavam sementes de maconha nas pedras em brasa, as sementes queimavam como incenso e produziam um vapor denso, superando as saunas gregas. Em  1929, durante escavações no vale de Pazyryk, o antropólogo russo Sergei Rudenko encontrou numa tumba o corpo embalsamado de um homem e duas pequenas tendas, sob cada uma um vaso de bronze contendo pedras e restos carbonizados de cannabis.


Plutarco(46-127 a.C.) relatou que era costume jogar inflorescências no fogo pra se embriagarem da fumaça, reforçando a suspeita de que eles já conheciam os efeitos mentais da cannabis 


Apenas dois relatos se destacam na trajetória Romana, na forma de doce, para promover alegria e animar festas, in natura, a folha do riso da Cítia, que servia para tratar gota e o óleo, usado para extrair vermes e insetos de dentro do ouvido, por volta de 200 a.C. 


Em contrapartida, no Oriente, os efeitos da Cannbis foram mais explorados, o uso médico religioso da maconha sob forma de uma bebida chamada bhanga, já fazia parte da cultura persa na época de Heródoto. 


A obra escrita pelo profeta Zoroastro, por volta do século VII a.C. “Lei contra demônios”, explica que a bhanga teria a capacidade de revelar aos mortais os mais altos mistérios.   


A antiga medicina persa, estabeleceu os efeitos bifásicos da maconha, mencionando  que, quando doses altas são usadas, os efeitos estimulantes iniciais, tais como euforia, estímulo da imaginação, aumento do apetite e da libido, podem ser gradualmente substituídos por melancolia, perca de peso, perda de apetite sexual. 

Na região da antiga Mesopotâmia, antes da era cristã, a maconha já era empregada por suas propriedades farmacológicas. 

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Os assírios, usavam incensos contendo maconha desde o século VIII a.C.


Documentos arqueológicos indicam a utilização da maconha para desfazer feitiços, tratar inchaços, ferimentos, depressão, impotência, artrite, cálculo renal e enxaqueca menstrual. 


Também, entre os documentos, foram encontrados tabletes de argila na região da Babilônia datados do século VII a.C., os quais contêm receitas milenares herdadas de sacerdotes sumérios. Esses tabletes integravam a Biblioteca Real e incluem uma coleção chamada “Quando o Cérebro de um Homem Contém Fogo”, com prescrições médicas e encantamentos para curar os diversos males relacionados à cabeça, sobretudo inflamações e inchaços. 


Uma curiosa receita para combater uma moléstia causada pela presença da “mão de um fantasma” nas têmporas contém os seguintes ingredientes: ervas,  mel das montanhas, cerveja e maconha, deveria ser posta a descansar sob as estrelas e ser bebida antes do amanhecer para tratar ferimentos e inchaços. 


Os assírios usavam diferentes termos para se referir à Cannabis. Qunnabu, era empregado quando a planta era usada em rituais religiosos. Alguns historiadores postularam que este nome seria a origem lingüística da palavra persa konaba, e da palavra kannabis, utilizada pelos gregos e que eventualmente originou o termo moderno  Cannabis.  


De acordo com a antropóloga Sula Benet, essas palavras são mais provavelmente originadas do termo composto “ka- neh-bosm”, que designa uma planta de uso ritualístico que aparece em diversas passagens do Tanakh, a versão original dos textos hebraicos que correspondem ao Velho Testamento. Em uma dessas passagens, kaneh-bosm aparece como um dos ingredientes de um óleo de unção sagrado que Deus instruiu Moisés a produzir (Êxodo, 30:23). O termo vem sendo erroneamente traduzido no antigo testamento como sendo cálamo. Uma tradução ao pé da letra de kaneh-bosm seria algo como “cana aromática”. Segundo Sula Benet, 

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esta seria também a origem do termo aramaico kannabos que é um cognato do grego kannabis


Considerando a característica fibrosa que o caule da cana-de-açúcar compartilha com o da Cannabis, faz bastante sentido que os antigos hebreus tivessem chamado esta última de “cana aromática”.


Conforme o Velho Testamento, o óleo preparado por Moisés era reservado para ungir objetos sagrados e o corpo dos sacerdotes durante cerimônias de adoração a Jeová,  outras passagens sugerem o uso de preparações semelhantes para finalidades medicinais. 


A tese de Sula Benet sofreu resistência, sobretudo de religiosos, desde sua publicação em 1936, mas ganhou novo fôlego a partir de 1993, quando arqueólogos israelenses anunciaram, na prestigiosa revista Nature, o achado de uma tumba datada de 400 d.C. onde vestígios carbonizados de maconha foram encontrados sobre a região pélvica do corpo de uma adolescente no estágio final da gravidez, e indica que o uso de maconha para finalidades medicinais e/ou religiosas fazia parte das tradições daquela região. De acordo com os estudiosos, o Tanakh teria sido composto entre os séculos VII e V a.C., período em que Jerusalém foi seqüencialmente tomada por assírios e persas, favorecendo o intercâmbio lingüístico e de costumes com os hebreus. 


Os hebreus tinham conhecimento da maconha antes do Egito, e que o êxodo descrito no velho testamento possa ter ocorrido durante ou antes do reinado do faraó Ramsés II (1195-1164 a.C.), que conhecia os efeitos da maconha, conforme se constata pela presença de canabinóides nos cabelos de sua múmia.


A maconha e seu uso medicinal já eram do conhecimento dos egípcios pelo menos quatro séculos antes de Ramsés II. O Papiro de Ebers, o segundo documento médico original mais antigo do mundo (1550 a.C.), refere-se a uma planta cujo 


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hieróglifo foi latinizado como shemshemet, e que, se prestava tanto como medicamento quanto como fonte de fibras, sugerindo que se tratava de maconha.


Na Índia a maconha teve prestígio religioso e medicinal expressivo. De acordo com o Vedas, o conjunto de textos que compõem as bases filosóficas do Hinduísmo, os deuses teriam mandado a maconha ao homem para que este pudesse alcançar mais coragem, libido e prazer.


Uma fábula conta que, em um dia ensolarado, Shiva, estava aborrecido por causa de um desentendimento e saiu sozinho para caminhar, até que resolveu buscar proteção do sol sob a sombra de um arbusto de maconha. Curioso a respeito da planta que lhe dera abrigo, Shiva comeu suas folhas e se sentiu revigorado, adotando a planta como sua favorita. 


Existem três formas distintas de preparo e consumo da maconha na Índia:

Charas, equivalente ao haxixe, é o nome dado aos aglomerados formados praticamente de resina pura extraída das inflorescências das plantas femininas antes de sua polinização.


Ganja é a denominação dada à preparação feita com as inflorescências e brotos ricos em resina colhidos do topo dos arbustos femininos. Estas partes são misturadas e compactadas para um breve período de secagem e maturação, durante o qual reações químicas espontâneas potencializam as propriedades psicoativas da droga. 


Maconha, jamba, sinsemilla e marijuana são algumas das denominações dadas a preparações semelhantes feitas no Brasil e outros países do continente americano.


A charas, assim como o haxixe, é normalmente misturada com tabaco ou folhas de maconha para ser fumada. 


Ganja e maconha são fumadas puras ou consumidas como chá. Nos países ocidentais, a maconha também é consumida adicionada a bolos ou biscoitos. 

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Na Índia, as folhas da maconha, que possuem menores teores de princípios ativos, são socadas com uma mistura de iguarias para produzir o bhang, uma preparação mais suave, tradicionalmente consumida naquele país na forma de balinhas doces (maajun), ou no preparo de chás e outras bebidas não-alcoólicas. 


A alusão mais antiga às propriedades psicotrópicas do bhang aparece no Atharva Veda (Ciência dos Encantamentos), escrito  entre 2000 e 1400 a.C. O livro reconhece a propriedade que a maconha tem de aliviar a ansiedade. E a reconhece como uma das cinco ervas sagradas do Hinduísmo, fonte de alegria, regozijo e liberdade, conforme  Malcher e Ribeiro.


Sushruta, médico do século VI a.C., escreveu sobre a medicina indiana antiga, o Sushruta Samhita, no qual menciona que a maconha estimula o apetite, a digestão e a libido, além de ser diurético e inibir a produção de muco nas vias respiratórias. Na medicina indiana, a noção de desobstrução e facilitação do movimento dos fluidos estendia-se também ao funcionamento da mente, onde tais propriedades serviriam para facilitar o fluxo das idéias, aumentando a imaginação. Por outro lado, o uso excessivo e prolongado pode gerar os efeitos opostos da maior parte de seus benefícios, incluindo perda de apetite e de peso, melancolia, perda de memória, sedação e impotência sexual. 


Para Malcher e Ribeiro, o Tibete é uma das poucas regiões onde ainda se encontram grandes quantidades de maconha em seu estado silvestre, embora seu cultivo seja  tradição tanto no Tibete quanto no Nepal, onde é oferecida como remédio até para o gado. 


Diz uma lenda da corrente mahayana do Budismo tibetano, que Siddhartha Gautama, a primeira encarnação de Buda, consumiu exclusivamente sementes de maconha, uma por dia, durante os seis anos de preparação que precederam sua chegada ao Nirvana.

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Já na tradição do Budismo Tântrico, da qual o Dalai Lama é o monge superior, a maconha é utilizada para facilitar a meditação e potencializar as percepções sensoriais envolvidas em cada aspecto das cerimônias tântricas, que podem ou não incluir o ato sexual. 


Nos ritos sexuais, uma boa quantidade de bhang é ingerida com antecedência, de forma que os efeitos potencializadores dos sentidos coincidam com o auge da prolongada cerimônia sexual, cujo objetivo final é o de alcançar a comunhão espiritual com a deusa Kali. Assim como na Índia, a maconha também é usada tradicionalmente no Tibete e no Nepal como droga recreativa e medicinal, sobretudo no tratamento de ulcerações e feridas de difícil cicatrização, como estimulante sexual contra o reumatismo e inflamações de ouvido, e como agente anticonvulsivo e antiespasmódico em casos de epilepsia e tétano. 


Parece ser um mistério o fato de que até o século XIX, os europeus, sobretudo os ocidentais, conhecessem da Cannabis apenas sua fibra e seu óleo. Mas isto pode ter uma explicação biológica. Acontece que quando a Cannabis cresce em clima quente e seco, ou no clima seco das grandes altitudes, frio mas com abundância de sol, maior quantidade de resina é produzida para prevenir a perda de água. Em contrapartida, a produção de fibras é inferior. Isto ajuda a explicar por que nos países temperados e úmidos da Europa pouco se soubesse sobre as propriedades farmacológicas da Cannabis, já que o clima favorecia a produção de fibras, mas não de resina. 


Ao contrário dos europeus, os que viviam em regiões mais ensolaradas tinham a opção de escolher se as plantas seriam destinadas à produção de fibras ou à produção de resina, bastando escolher o quão próximo elas seriam plantadas umas das outras, de forma a regular a quantidade de sombra que recebiam. Esse era o caso da Índia que, numa época em que o conhecimento dos remédios era incipiente, tornou-se um populoso centro produtor e consumidor de maconha, beneficiando-se de suas propriedades médicas. 


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Com a ocupação britânica da Índia, no século XIX, que a Europa veio a tomar contato com as propriedades medicinais da maconha. 


O médico irlandês William Brook O’Shaughnessy aprendeu sobre a maconha com os médicos indianos, e impressionou-se com o uso no tratamento de reumatismo e das convulsões causadas por tétano e raiva. 


O psiquiatra francês Jacques O’Shaughnessy em viagem à Índia, vislumbrou a possibilidade de aplicação da maconha no tratamento de distúrbios mentais. 


Quando O’Shaughnessy e Moreau divulgaram seus estudos, o impacto foi grande na medicina européia, no tratamento dos sintomas de doenças infecciosas como raiva, tétano e cólera. 


Segundo Malcher e Ribeiro, os resultados obtidos por Moreau usando a maconha no tratamento de distúrbios psiquiátricos não foram tão consistentes. 


O uso da maconha na medicina ocidental espalhou pela Europa e Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, surgindo remédios à base de maconha produzida por laboratórios farmacêuticos, sendo recomendados pelos médicos para os mais variados problemas, incluindo: enxaqueca, dor de dente, cólicas menstruais, hemorragia menstrual e pós-parto, risco de aborto, úlcera gástrica, indigestão, inflamação crônica, reumatismo, eczema, estímulo do apetite e tratamento de anorexia decorrente de doenças exaustivas, disenteria, insônia, depressão, ansiedade, delirium tremens (crise de abstinência de álcool), epilepsia, convulsões e espasmos causados por tétano e raiva, febre alta, tremor senil, tumores cerebrais, tiques nervosos, neuralgia, vertigem, tosse, formigamento e dormência causados por gota, bócio, palpitação cardíaca, frigidez feminina e impotência sexual. 


Em paralelo, a indústria farmacêutica desenvolvia vacinas e antibióticos contra doenças infecciosas, além de novos remédios com indicações mais específicas, que passaram a ser de maior interesse do que aqueles com efeitos múltiplos, conforme a 

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maconha. Nos Estados Unidos, o declínio do uso médico da maconha se deu sobretudo a partir de 1939, quando as autoridades norte-americanas impuseram taxas de valores proibitivos para médicos que prescrevessem remédios contendo maconha.


Conforme Malcher e Ribeiro, em 1941, a maconha saía das páginas da farmacopéia norte-americana para figurar nas páginas policiais. Sob grande influência da indústria farmacêutica para viabilizar seus novos produtos. 


Desde então, o uso e abuso da maconha pelos norte-americanos como droga recreativa ou como forma de automedicação, multiplicou-se de maneira extraordinária.


Em 1967, 5% dos norte-americanos já tinham experimentado maconha pelo menos uma vez em sua vida.


No início dos anos 1970, o uso da maconha foi consagrado como símbolo do pacifismo hippie e da defesa das liberdades individuais, estabelecendo-se a partir de então como um ícone da cultura pop norte-americana. 


Um gênero musical, oriundo da Jamaica, o reggae se projeta para o mundo, com um discurso pacifista e pró-maconha por meio da fé Rastafári. Iniciada nos anos 30, de posicionamento anticolonialista, a comunidade religiosa era considerada uma filosofia e por décadas, seus adeptos foram perseguidos pelo poder público por ser considerado como párias.


Houve um tempo em que os rastas consideravam uma ofensa serem chamados de jamaicanos, tamanho era o desgosto deles pela própria terra natal, mas o nome do país tem sido reinterpretado por uma forma coerente com os novos tempos: Jah-mek-ya, uma corruptela do inglês para o nome do país, tornou-se Jah-make-i ou, numa tradução livre, "Deus me fez".


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Eles tinham pressa, não tinham paciência para esperar o futuro que, nós não enxergávamos. Com isso, torna-se comum usar cannabis para dar dignidade espiritual, rejeitam-se termos tradicionais como maconha, liamba, diamba, que são de origem africana. E dentro do contexto de uma sonoridade múltipla, fumar Maconha era o caminho para a transcendência mental, espiritual e corporal. 


Em 1980, nada menos do que 68% dos norte-americanos já haviam experimentado a maconha ao menos uma vez. A pesquisa científica neste período orientou-se para o entendimento dos mecanismos envolvidos na motivação do uso recreativo e na compreensão dos problemas associados ao uso abusivo da droga.


O interesse médico e científico pela maconha e seus derivados retorna de forma pungente a partir dos anos 1990, com a descoberta do sistema endocanabinóide. 

 


1.2 - A MACONHA E A  BÍBLIA  

Falha na tradução da Bíblia, omitiu a Maconha. Historiadores afirmam que Jesus usou o óleo sagrada da Maconha para curar as doenças do corpo antes de curar a mente. 


No Velho Testamento encontramos receita com 3 quilos da planta kaneh- bosm, traduzido como cana aromática. A planta era um dos ingredientes do preparo do óleo sagrado para unção ou consagração, o que pode ser conferido no livro do Êxodo 30:22-23. Na época, um curandeiro poderia fazer uma infusão com óleo de oliva ou acrescentar extratos como mirra, canela ou cássia e aplicar o unguento de forma tópica. 


A Bíblia associava a cana aromática ao cálamo, que contém asarone, substância alucinógena conhecida como ecstasy herbal. Segundo o historiador canadense Chris Bennett, o erro, ocorreu  quando o Velho Testamento foi traduzido do hebraico para o grego. Hoje, linguistas, antropólogos, botânicos e estudiosos respeitados concordam que kaneh-bosm é o mesmo que Cannabis. 

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Em 1936, a etimologista e antropóloga do Instituto de Ciências Antropológicas de Varsóvia, Sula Benet, estabeleceu a primeira evidência do uso da Cannabis pelos hebreus. A etimologia estuda a origem e história das palavras e Benet tinha especial interesse na cultura e tradição judaica. Segundo ela, pensava-se que a palavra Cannabis tinha origem cita (região hoje do Oriente Médio e Europa Oriental). Benet, entretanto, demonstrou que a origem da palavra é mais antiga, com raízes nas línguas semitas como o hebreu, aparecendo diversas vezes mencionada no Velho Testamento. No texto original em hebreu, o Velho Testamento fala de cânhamo, tanto como incenso, como parte integrante de celebrações, quanto como intoxicante. 


Foi Benet quem primeiro demonstrou que a palavra análoga a Cannabis no hebreu tradicional é “kaneh-bosm”, também aparecendo como “kaneh” ou “kannabus”. A raíz “kan” e sua construção significa cânhamo ou junco, enquanto “bosm” é “aromático”. A palavra aparece cinco vezes no Velho Testamento: nos livros do Êxodo, na Canção das Canções, Isaías, Jeremias e Ezequiel. A tradução feita com a planta cálamo é também refutada por ela ser uma planta comum, com baixo valor financeiro e não possuir as qualidades atribuídas ao kaneh-bosm.


O óleo descrito no Êxodo continha altos teores de Cannabis, o produto certamente seria potente o suficiente para explicar os muitos milagres de cura atribuídos a Jesus. Afinal, a planta tem comprovada eficácia em tratamentos variados como doenças de pele, glaucoma, doenças neurodegenerativas, inflamações, infecções, enjoos e dores em geral.


De acordo com antigos documentos cristãos, até a cura de amputados era atribuída ao uso do óleo sagrado. O texto mais antigo que o Velho Testamento, o Atos de Pedro e os Doze Apóstolos, descreve Jesus dando uma caixa de unguentos e uma bolsa cheia de remédios para seus apóstolos. Com eles, instruções para que fossem à cidade para curar os doentes. Jesus explica que eles teriam que curar os corpos antes de curar o coração.



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A Maconha já era cultivada como alimento desde 6000 AC e muitas religiões contemporâneas ao judaísmo, como as que adoravam a deusa Ashera, usavam sua própria kaneh-bosm. 


Entretanto, a primeira aparição da kaneh-bosm no Livro Sagrado ocorre somente na história de Moisés e o arbusto ardente. O profeta recebe a receita do óleo sagrado diretamente do Senhor. Segundo as orientações recebidas, apenas a classe religiosa poderia ser ungida, posteriormente os reis também foram agraciados. 


Carl P. Ruck, professor de mitologia clássica na Universidade de Boston, afirma, que na época de Jesus existia uma tradição judaica de usar a planta no preparo de óleos,  rituais e no uso terapêutico. 


Existem evidências no Novo Testamento que sugerem que Cristo teria usado a substância para curar doenças que afetavam os olhos e a pele. 


Não havendo possibilidade da planta, tão importante como fonte de fibras, óleos nutritivos e fácil de cultivar, tenha passado despercebida. A mera colheita induziria uma reação enteogênica, efeito psicoativo de elevação espiritual. 


Infelizmente, com as regras recebidas por Moisés, os religiosos judaicos monopolizaram o uso da Maconha, privando todos os demais.


Diversos estudiosos dos textos sagrados lembram que alguns grupos entre os primeiros seguidores de Jesus colocavam a cerimônia de unção no centro do cristianismo. Eram os gnósticos (da palavra grega para “conhecimento”), que focavam na experiência presencial do óleo sagrado como definição do cristão, e não a fé de segunda mão pelas escrituras ou um padre. 


Esses cristãos, que insistiram em promover determinados ensinamentos de Jesus, foram chamados de hereges e eliminados. Muitas das escrituras foram consideradas perdidas para sempre. Em 1945, um agricultor egípcio encontrou treze manuscritos 

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dentro de uma jarra fechada. Eles foram enterrados por escribas do monastério próximo por volta de 367 DC, quando a Igreja tinha condenado o uso de textos não canônicos. 


São documentos que mudam a forma como se compreende os pensamento de Jesus. Por exemplo, O Evangelho de Filipe, que proclama que qualquer pessoa que receba a unção não é mais um cristão, mas um Cristo. Essa transformação é então comparada ao efeito placebo do batismo adotado pela Igreja Católica Romana, onde os iniciados “entram na água e saem sem ter recebido nada”. 


Os gnósticos acreditavam que o batismo aconteceu, mas apenas como um ritual de limpeza, em preparação para receber a unção do óleo sagrado – o verdadeiro sacramento. Chris Bennett escreveu: “as descrições Gnósticas dos efeitos do rito de unção deixam muito claro que o óleo sagrado tinha propriedades psicoativas intensas”. Elas preparavam o fiel para a entrar em algo que pode ser traduzido como “felicidade perene” ou “benção duradoura”. Tudo pela graça da Maconha. 


Chris Bennett, historiador que se dedica à pesquisa sobre a Maconha na história humana,  destaca a presença da planta nas escrituras da Bíblia.


Ele escreveu O Livro da Maconha: o guia completo sobre a Cannabis, sendo um compêndio, com artigos de cientistas de várias áreas, sendo o primeiro livro de artigos científicos sobre a planta a chegar ao nosso idioma. 


Chris Bennet nos lembra que a nomenclatura não era uniforme na época da Bíblia. Nos textos, podemos encontrar menções à planta como “cana”, “cálamo” ou até “canela”, termos da tradução de um dos idiomas originais da Bíblia, o aramaico.


Nas escrituras antigas, utilizava-se as palavras “kaneh bosem”, “keneh bosem” ou “kaniebosm”, para se referir a essa planta vinda da Ásia. No hebraico tradicional, a tradução seria para “kannabos” ou “kannabus”. “Bosem” e “bosm” significariam


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aromático. Ppodemos concluir que a “cana aromática” é uma referência à planta que hoje chamamos de Cannabis ou Maconha. 


Tanto no Antigo Testamento, que narra sobre os primórdios do mundo e prepara para o Novo Testamento, que é o livro mais importante da religião católica, o termo “Cristo" seria uma tradução do hebraico, de uma palavra que significa “ungido”, ou aquele que foi untado com óleo. Que seria uma referência ao óleo da unção mencionado em Êxodo e que possui a “cana aromática” na sua composição. 


Nos basearemos em suas obras e nas passagens da Bíblia, para mostrar o uso dos derivados da Cannabis no mundo antigo por Jesus e seus seguidores.


Êxodo 30:23 a 30:29 - Tu, pois, toma para ti das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, e de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos, e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him. E disto farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra do perfumista: este será o azeite da santa unção. E com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do testemunho, e a mesa com todos os seus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso. E o altar do holocausto com todos os seus utensílios, e a pia com a sua base. Assim, santificarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.


Outras passagens do Antigo Testamento citam a “cana aromática” como uma parte importante do comércio e que possui grande valor:


Cânticos 4:14 - O nardo, e o açafrão, o cálamo, e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias.


Isaías 43:24 - Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste, mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniqüidades.

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Jeremias 6:20 - Para que, pois, me vem o incenso de Sabá e a melhor cana aromática de terras remotas? Vossos holocaustos não me agradam, nem me são suaves os vossos sacrifícios.


Ezequiel 27:19 - Também Dã e Javã, de Uzal, pelas tuas mercadorias, davam em troca ferro trabalhado, cássia e cálamo aromático, que assim entravam no teu comércio.


O Novo Testamento traz relatos da vida de Jesus, seus ensinamentos e também o desenvolvimento das primeiras comunidades cristãs, seus seguidores ficaram conhecidos como cristãos, ou seja, aqueles que tinham sido “manchados ou ungidos com o óleo sagrado”.


Nesses livros há relatos do que seriam os atos milagrosos de cura de pessoas doentes. Doenças que hoje são objeto de estudos científicos eram atribuídas à possessão demoníaca, um exemplo, a epilepsia. Atualmente, temos a consciência de que a Maconha é um tratamento eficaz para diversas formas de epilepsia, mas no passado, curar esse e outros distúrbios era um milagre. Além da epilepsia, doenças de pele, doenças oculares e problemas do período menstrual teriam sido curadas por Jesus e seus discípulos, com uma farmacopeia que incluía o óleo da unção, contendo óleos à base de Cannabis.


Algumas passagens do Novo Testamento trazem essas curas:


Doenças de pele: A doença que hoje chamamos de hanseníase era conhecida até pouco tempo como lepra, que é uma nomenclatura em desuso. Hoje sabemos que a causa dela é uma bactéria, mas na antiguidade se atribuía a causas sobrenaturais. A bíblia mostra a cura de pessoas com doenças de pele por meio do toque “daquele ungido pelo óleo da unção”.


Mateus 8:1 a 8:3 - E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me 

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limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.


Mateus 10:8 - Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.


Problemas Oculares: Entre os males que atacam os olhos, o glaucoma é um que tem potencial para tratamento com produtos à base de Cannabis. Temos passagens do Novo Testamento que citam a cura de pessoas que não enxergavam com o toque do óleo feito com a “cana aromática”.


João 9:10 e 9:11 - Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos? Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.


Saúde Feminina: Os relatos do uso da maconha para tratar a saúde feminina são antiquíssimos. Atualmente, as pesquisas científicas comprovam o uso da planta no tratamento de condições como cólicas, endometriose e até para aprimorar o prazer sexual. Na passagem bíblica abaixo, temos outra citação ao uso do óleo dos cristãos, dessa vez melhorando a saúde de uma mulher.


Lucas 8:43 8:48 - E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou? E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude. Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara. E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.


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Podemos destacar que a Maconha foi fundamental para a difusão dos textos bíblicos no mundo, a primeira Bíblia impressa, a Bíblia de Gutenberg, foi impressa em papel de cânhamo. Antes disso, com os livros escritos à mão, poucos exemplares circulavam.


Até hoje, os textos bíblicos têm grande influência e popularidade, porém a Maconha também esteve presente em outras culturas de outras partes do mundo. Na China, há registros do seu uso datados de 2800 a.C. e a humanidade levou essa planta consigo como uma matéria-prima fundamental para diversos itens.


Portanto, podemos considerar que a proibição da planta é um fenômeno extremamente recente e um desvio da relação que sempre tivemos com a Cannabis. Felizmente, estamos superando essa etapa da história e estamos voltando a aproveitar o potencial dela, principalmente para a Medicina.



1.3 - A MACONHA E A TRAJETÓRIA NO BRASIL 

Conforme Carlini (2006), a história da maconha no Brasil tem seu início com a propria descoberta do país. A maconha não é original do Brasil, foi trazida da África nos navios negreiros, daí sua denominação de “fumo de angola”, djamba, liamba e pango.


Inclusive as velas e os cordames das embarcações eram feitas de fibras de cânhamo.


Existem documentos oficiais do governo brasileiro, Ministério das Relações Exteriores,  datados de 1959, mencionando que a planta teria sido introduzida no Brasil a partir de 1549, pelos negros escravos que traziam as sementes, nas bonecas de pano amarradas nas pontas das tangas.  


Era muito utilizada pelos escravos e indígenas, nos quilombos. 


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Rapidamente, seu cultivo e uso disseminou-se entre pescadores, campesinos e trabalhadores.


Malcher e Ribeiro (2007) citam Freyre e sua obra Nordeste, salientando a antiguidade do cultivo da maconha na agricultura tradicional doméstica nas regiões ribeirinhas e sertanejas do Nordeste brasileiro. Os pescadores apreciavam suas propriedades psicotrópicas que ajudavam a preencher o longo e laborioso tempo que passavam em alto-mar. Escravos e campesinos usavam-na socialmente no final do dia de trabalho, quando se reuniam de forma quase ritualística para relaxar em rodas de fumo.


As propriedades medicinais da maconha também eram amplamente difundidas e exploradas por curandeiros e populares, enquanto que seu uso religioso era mais restrito a alguns cultos afro-brasileiros, onde a planta era fumada, sobretudo por iniciantes, para facilitar o transe místico. 


Segundo Malcher e Ribeiro (2007), ao contrário do tabaco, que era considerado um estimulante útil pelos colonizadores europeus, o efeito relaxante da maconha não era visto com bons olhos por patrões e senhores de escravos. 


O uso da maconha passou a ser combatido como vício, devido ao temor de que pudesse levar à abertura da consciência, prejudicando o fornecimento da mão de obra.


Da mesma forma que ocorreu com o candomblé e a capoeira, o uso da maconha também sofreu perseguição, sua proibição serviu de pretexto para opressão de indivíduos de ori- gem africana que, sobretudo após a abolição da escravatura, eram vistos pelos brancos como uma parcela perigosa da população. 


Foi sob esse conjunto de influências que a repressão à maconha surgiu de forma gradativa a partir de alguns municípios brasileiros, começando pelo Rio de Janeiro, em 1830, e seguida, décadas depois, por São Luis do Maranhão, em 1866.

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O uso não - médico da planta se disseminou, por estar restrito as camadas menos favorecidas, não chamava atenção. Exceção, a rainha Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, enquanto aqui vivia, teria o hábito de tomar chá de maconha.  


No Brasil, na segunda metade do século XIX, chegava notícias dos efeitos hedonísticos da maconha. Porém, seu uso medicinal obteve maior penetração em nosso meio, à partir de 1888. 


As cigarrilhas Grimaldi eram comercializadas ainda em 1905, indicadas para asmas, catarros, insônia, ronco, flatos…. 


A maconha foi citada nos compêndios médicos e catálogos de produtos farmacêuticos, onde foram enumeradas suas propriedades terapêuticas. 


Após a proclamação da República, a repressão endureceu, embora o primeiro código penal do Brasil, publicado em 1890, ainda não fizesse nenhuma menção à maconha, que permaneceu sendo comercializada livremente como remédio na forma de cigarros índios (cigarros indianos) em bares e tabacarias das grandes cidades até 1917, ou com receita médica até o final dos anos 1930. 


A maconha foi definitivamente criminalizada no Brasil em 25 de novembro de 1938, por determinação do Decreto-lei número 891, que regulava o controle do uso de substâncias narcóticas no Brasil, colocando a maconha na mesma categoria legal da cocaína e do ópio — a despeito da inadequação desta classificação aos conceitos adotados pela Organização Mundial de Saúde, que definem narcóticos como substâncias que causam dependência fisiológica.


No início da fase repressiva em 1933 , as primeiras prisões ocorreram em conseqüência do comércio clandestino da maconha. A proibição total do plantio, cultura, colheita e exploração por particulares da maconha, em todo território nacional ocorreu em 25/11/1938 pelo Decreto Lei nº 891 do Governo Federal.


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Contrastando com a realidade do álcool, que é permitido, podemos comprovar com dados, através do Levantamento Domiciliar sobre Consumo de Drogas, que ao longo dos últimos 15 anos, o numero de pessoas internadas por intoxicação aguda ou por dependência de maconha, não ultrapassou  300 por ano no triênio 1997 - 1999. Um contraponto, as internações por álcool alcançaram um total de 119.906 internações no mesmo triênio. 


Mediante a evidência acima, torna-se pertinente mencionar o editorial do Jornal Brasileiro de Psiquiatria publicado em 1980, que segundo Carlini, a falta de discriminação entre viciados em drogas pesadas e simples fumantes de maconha tem resultados altamente inconvenientes do ponto de vista social e ajuda a expondo a natureza hipócrita da nossa sociedade.  

 

A maconha atravessou décadas sendo marginalizada.


Foi no início dos anos 1970, que as modificações comportamentais trazidas pela contracultura popularizaram a maconha também entre estudantes, intelectuais, surfistas, naturalistas, anarquistas, pacifistas, músicos e artistas em geral. 


Em 1976, entra em vigor a Lei 6.368 que distingue tráfico de usuário, enquadrando o traficante no artigo 12 e o usuário no 16.


Atualmente, embora o uso de maconha no Brasil continue sendo um crime do mesmo status que tem o uso de cocaína e de heroína, as penas para o porte de drogas em geral foram abrandadas.


Desde 23 de agosto de 2006, quando foi sancionada a Lei nº 11.343, o crime de porte e produção de drogas para uso pessoal deixou de ser punido com penas privativas de liberdade, que foram substituídas por: I — advertência sobre os efeitos das drogas; II — prestação de serviços à comunidade; e III — medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 


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O que mais impressiona, é que embora a pena por porte tenha sido abolida, o consumo de drogas continua sendo crime.  Hipocrisia na forma mais simples.


Em 1987, a Associação Brasileira de Psiquiatria produz um editorial salientando, que,  ninguém melhor do que os psiquiatras para conhecer a miséria humana que acomete os drogados. Sendo eles mais vítimas do sistema de produção e tráfico do que de si mesmos. 


Com essa afirmação, podemos entender que o problema das drogas está sob um julgamento apaixonado, permeado por atitudes moralistas e hipócritas. Devendo considerarmos com seriedade a necessidade de descriminalizar a maconha. 


De acordo com o relatório divulgado em 2007 pela ONU, o mundo produzia em 2005 cerca de 42.000 toneladas de maconha por ano, destas, 22% foram produzidas na Ásia, 23% na América do Norte, 23% na América do Sul e 26% na África.


O Brasil está entre os maiores produtores da América do Sul, ficando atrás somente do  Paraguai e da Colômbia. Apesar disto, o Brasil depende da maconha importada, sobretudo do Paraguai, para suprir sua demanda interna. Estima-se que alguns milhões de brasileiros, cerca de 7% da população, já tenham experimentado maconha. 


Uma pesquisa realizada em 2004 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), com estudantes dos ensinos fundamental e médio das 27 capitais brasileiras, mostrou que 22% desses jovens já fizeram uso de algum tipo de droga, sendo que 5,9% do total já haviam experimentado maconha pelo menos uma vez na vida. 


Em 2001, em outro estudo coordenado pelo proeminente pesquisador brasileiro Elisaldo Carlini, verificou-se que 3,5% dos jovens brasileiros na faixa etária de 12 a 17 anos já haviam feito uso da maconha. 


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As regiões do Brasil que apresentaram as maiores porcentagens de uso entre esses jovens foram a Sul com 8,5% e a Sudeste com 6,6%. Por outro lado, menos de 1% dos jovens brasileiros dessa faixa etária evoluíram para o uso freqüente ou pesado da maconha, definidos como seis vezes ou mais por mês, e 20 vezes ou mais por mês, respectivamente.


Dos adolescentes brasileiros na faixa de 15 a 16 anos, apenas 7,5% já haviam experimentado maconha, um número relativamente pequeno se comparado aos da França e Reino Unido, 38%; Estados Unidos, 35,1%; Bélgica, 32%; Espanha, 30%; Holanda 28%; Itália e Alemanha 27%. 


O Brasil tem tradição na pesquisa sobre a maconha e o sistema endocanabinóide graças aos estudos pioneiros de José Ribeiro do Valle e à fundamental contribuição de Elisaldo Carlini (Universidade Federal de São Paulo/Unifesp). 


Esta tradição vem sendo mantida e ampliada por pesquisadores como Reinaldo Takahashi (Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC), Orlando Bueno (Unifesp), Sérgio Tufik (Unifesp), Ester Nakamura Palacios (Universidade Federal do Espírito Santo/UFES), Daniela Barros (Fundação Universidade Federal do Rio Grande/FURG), José Alexandre Crippa (Universidade de São Paulo/USP-Ribeirão Preto), Antonio Zuardi (USP- Ribeirão Preto), Jaime Hallak (USP-Ribeirão Preto) e Fabrício Pamplona (UFSC). 


Esses e outros cientistas brasileiros têm se dedicado, sobretudo, a questões relativas ao fenômeno da tolerância, às interações farmacológicas dos canabinóides com outras drogas, e aos efeitos dos canabinóides no aprendizado e memória. 







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CAPÍTULO 2 


O SER ÚNICO 


Este capítulo abordará o ser como um ser único, que necessita de uma visão única por parte do terapeuta, principalmente na terapia com Maconha. 


Volich (2000) afirma que, desde o início dos tempos, a vida e a morte fazem parte do maior mistério do homem e que as práticas terapêuticas eram ligadas às crenças dos povos. 


Em sua opinião, existiam curandeiros que faziam intervenções quando o homem adoecia para livrá-lo das forças do mal ou da doença. 


No séc. VI a.C., na Ásia Menor, conforme Volich (ibid), Alcméon de Cretone sustentava que a saúde era expressão de equilíbrio do homem com o universo. 


Empédocles de Agrigenta, também afirmava que o corpo era formado por quatro elementos, fonte de seus humores e que estariam subordinados à luta permanente entre o amor (fonte de integração) e o ódio (fonte de desintegração). 


Com o passar do tempo, foi surgindo a idéia de que o homem seria constituído também de uma essência imaterial, vinculada aos sentimentos e à atividade do pensamento, à alma. 


Para a medicina, esse pensamento deu origem a diversos entendimentos do que é doença, da natureza humana e da função terapêutica. 


Tanto Aristóteles (384 – 322 a.C.) quanto Hipócrates, no entender de Volich (ibid) possuíam a mesma visão psicossomática do homem de que toda doença física seria provocada pelo homem sob efeito de suas paixões. 


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Ele acrescenta que o médico Moisés ibin Maïmon (1135 – 1204) sustentou que o corpo e alma são instâncias interdependentes, em equilíbrio. A doença surge como uma ruptura desse equilíbrio e a cura representaria o retorno desse equilíbrio anteriormente perturbado. 


Na visão de Volich (2000), quando a cirurgia ganhou destaque eliminando a doença, acabou-se deslocando o foco da compreensão de sua origem. 


Sendo assim, segundo Volich (ibid), René Descartes distinguiu dois tipos de medicina: uma marcada por processos físico-químicos e fisiológicos a e outra pela união da consciência e do corpo. Com isso, o Vitalismo da escola de Montpellier defendeu a existência de uma força vital responsável pela saúde e pela patologia. 


Já o psiquiatra alemão J.C.Heinroth (apud VOLICH, 2000), ressaltou a importância da integração dos aspectos físicos e anímicos do adoecer e que o corpo e a alma compartilhavam o bem e o mal que lhes acontecia, promovendo assim o desenvolvimento ou a desorganização do organismo, ou seja, a pulsão de vida e de morte de Freud. 


No entendimento de Volich (ibid), com o desenvolvimento dos métodos específicos de exame visando perceber melhor a doença, o contato entre médico/paciente passou a ser mediado por instrumentos, produzindo distanciamento na comunicação e diminuição da escuta. Atualmente, a escuta possui papel importante no entendimento das patologias visto sua importância na fisiologia humana. 


Um dos princípios básicos da intervenção da Psicossomática Contemporânea é a capacidade de ouvir em profundidade o outro e a flexibilidade para o entendimento. Preceitos esses já preconizados na antigüidade, que até hoje se mantêm atuais. Visto a visão atual da Psicossomática Contemporânea datada de 1990, que possui como postulado, que “o homem é um ser inteiro e indivisível. Portanto, é um ser psicossomático”. Assim, por ser um ser psicossomático, suas doenças também o são. 

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Como a emoção pode afetar o corpo? Segundo Gyton (1992), normalmente o termo emoção é usado para expressar sentimentos e humor que se refletem em respostas comportamentais e expressões corporais, porém essas respostas são acompanhadas por outros tipos de respostas: as endócrinas autonômicas da musculatura esquelética e as parassimpáticas. Essas respostas são comandadas por diferentes áreas do sistema nervoso. Entretanto, há três áreas que são intimamente ligadas às emoções: a amígdala (lóbulo na superfície inferior do cerebelo), o hipotálamo (grupo de núcleos na base do cérebro, em relação com o soalho e as paredes do terceiro ventrículo) e o tronco cerebral. 


Gyton (1992) defende a influência do hipotálamo nas funções autonômicas como regulador das funções vitais que variam com a ocorrência dos estados emocionais: temperatura, batimento cardíaco, pressão sanguínea, controle homeostático e atividades glandulares. Essa atividade glandular é representada pelo sistema endócrino que age na liberação de hormônios que influenciam as funções autonômicas dentro da pituitária, agindo na circulação geral do corpo. 


Gyton (ibid) diz que o hipotálamo corresponde a 1% do volume total do cérebro e possui circuitos neurais. Esse órgão é o maior controlador do sistema nervoso. Sua interação com o tálamo (núcleos de substância cinzenta que limitam de cada lado o ventrículo médio do encéfalo e formam o assoalho dos ventrículos laterais) e a pituitária é fundamental para que ocorra o comportamento emocional. 


Esse autor também acrescenta que a amígdala, faz parte do sistema límbico (estrutura que margeia tanto o córtex cerebral quanto a base do cérebro) e é composta por núcleos ligados ao hipotálamo, sendo importante para percepção consciente da emoção. 


Do ponto de vista psicológico de Dahlke e Dethlefsen (1983), a alegria, o medo, a ansiedade ou a raiva, entre outros estados emocionais, têm importante papel no bem estar. Influenciam, positiva ou negativamente, inclusive criam estados doentios. Por exemplo, nos períodos de estresse, as pessoas desenvolvem muitas doenças 

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relacionadas com o sistema imunológico. A raiva tem ligação com os transtornos cardiovasculares e a ansiedade compromete os processos cognitivos prejudicando a vida sócio-ocupacional. Já, o bom humor, o riso e a felicidade, ajudam a manter e/ou recuperar a saúde. 


Assim, considerando as idéias de Gyton (1992) e de Dahlke e Dethlefsen (1983), os componentes endócrinos, autonômicos, sensoriais e motores que ocorrem juntamente com o sentimento emocional formam a emoção. Se houver intervenção negativa poderá ser desencadeada a doença. 


Conforme o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, (FERREIRA, s.d., pág. 488) doença significa “falta ou perturbação da saúde”. Percebe-se então que se refere a um conceito relacionado a um estado da pessoa e não, a órgãos ou partes do corpo. 


Com isso, Lowen (1982) afirma que o corpo do ser humano deve seu funcionamento a duas instâncias imateriais denominadas consciência (alma) e vida (espírito). A vida ou espírito de uma pessoa é determinado por seu grau de vivacidade e vibração, ou seja, por quanta energia essa pessoa tenha. A ligação entre espírito e energia é imediata. Logo, o espírito é a força vital do organismo manifestada na auto-expressão do ser e sua qualidade caracteriza o ser humano. 


Esse autor complementa dizendo que a alma é um conceito difícil de ser trabalhado, seu significado primário é de princípio de vida, sentimento, pensamento e ação do homem. Mas também há outro significado: a parte emocional da natureza humana; sítio dos sentimentos ou emoções, seus sinônimos são espírito e coração. Ela é como um senso pessoal de fazer parte de uma ordem mais universal, possibilitando que a energia do corpo esteja em contato e interaja com a energia do mundo que envolve o indivíduo. 


Percebe-se, portanto, que a mente e o espírito possuem uma ligação e junto com a alma são aspectos da formação do ser humano. 


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A doença segundo Lowen (1982), ocorre na consciência e se mostra pura e simplesmente no corpo, que é a concretização da consciência. Ocorrendo desequilíbrio, este se tornará visível na forma de sintomas corporais que é chamada “doença”. Se um corpo não pode viver sem consciência, também não pode ficar doente sem ela. Quando surge um modelo harmonioso pode-se chamar de saúde e quando ocorre falha que comprometa a harmonia, trata-se de doença. Então, a vida emocional de um ser humano é a vida do seu corpo. 


Dahlke e Dethlefsen (1983) afirmam que o homem, com o intuito de se proteger da dor, se distancia da real natureza, utilizando máscaras e desejando o desejo do outro, provocando uma grave mutilação na alma. 


Na perspectiva destes autores, a alma é a soma de suas experiências de vida registradas na personalidade, palavra esta derivada da palavra persona que se refere à máscara que define o ator numa peça. Portanto, personalidade é algo condicionado pelo papel que um indivíduo assume na vida ou pela imagem que oferece ao mundo, que nem sempre corresponderá à situação real, pois o ego, representante da realidade, se fragmentado, escolherá uma falsa imagem ou auto imagem – irreal. 


Conforme Dahlke e Dethlefsen (1983), foi C.G. Jung quem desenvolveu o conceito de sombra, que designa a soma de todos os âmbitos rejeitados da realidade que o homem não quer ver em si mesmo ou nos outros e que, permanecem inconscientes. A sombra promove o adoecer e o encontro com o alquímico faz sarar. Eles afirmam que: 

"...Todas as manifestações provenientes de sua sombra são projetadas pelo homem no mal anônimo que existe no mundo, porque ele tem medo de descobrir a verdadeira fonte de seus males dentro de si mesmo. Tudo o que o ser humano de fato não quer, e de que não gosta, provém de sua própria sombra, visto que esta é a soma daquilo que ele não deseja ter. (...) Entretanto, a recusa em aceitar uma parte da realidade e vivê-la, não leva exatamente ao sucesso esperado." (DAHLKE E DETHLEFSEN, 1983, pág. 42) 

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Esse é o caminho para entender a doença e a cura. Todo sintoma é um aspecto da sombra que se precipitou no corpo físico. É no sintoma que o homem vive aquilo de que não quis tomar consciência. O sintoma é um alerta para fazer a pessoa tornar-se outra vez um todo. Se uma pessoa se recusa a viver um princípio em sua consciência, ocorrerá o desequilíbrio que se mostra mais visível no corpo na forma de sintoma. Dessa maneira, a pessoa é obrigada a viver e a manifestar o próprio princípio que rejeitou. É assim que o sintoma providencia a totalidade do indivíduo; ele é o substituto físico do que falta à alma. 


Em sua obra, o Dr. Bach [s.d.] descreve alguns fundamentos para a compreensão da natureza da doença. O primeiro é que todo homem possui uma alma, uma centelha divina que o guia, e é o verdadeiro “eu”. O corpo nada mais é que um veículo material e temporário de manifestação da alma. O segundo, é que todos vêm à terra com uma determinada missão, que se resume em eliminar os defeitos e ampliar as virtudes. Para isso é que todo o teatro da vida é montado. O terceiro é que todos são eternos e que a consciência subjetiva não se extingue de forma alguma após a morte física. O último, diz que o conflito aparece quando as personalidades se desviam do caminho traçado pela alma, atraída pelos fúteis desejos terrenos ou pela influência de outras pessoas. Nas palavras de Dr.Bach (s.d., pág.20) “Esse conflito é a causa principal da doença e da infelicidade.” 


Assim, a busca por conhecimento é o mais representativo passo na conquista da felicidade genuína e na prevenção de uma boa saúde. 


A parte mais importante da filosofia do Dr. Bach [s.d.] é que se precisa cuidar de harmonizar a personalidade, não sendo necessário se ocupar em demasia com os sintomas físicos. Estes são elementos simbólicos da profundidade e da natureza do 

desequilíbrio da alma. A doença é um erro básico e profundo que se deve compreender e sanar. Sobre isso, o Dr. Bach diz o seguinte: 


A doença é, em si mesma, benéfica, e tem por objetivo conduzir a personalidade de volta à Divina Vontade da Alma; dessa forma, podemos ver que ela é evitável e 

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remediável, pois se pudéssemos perceber por nós mesmos os erros que estamos cometendo e corrigi-los através de recursos mentais e espirituais, não haveria necessidade de passar pelas severas lições do sofrimento. (BACH, s.d., pág.21/22). 


Nada mais oportuno que a afirmação de Dahlke e Dethlefsen (1983) de que a pessoa quando saudável percebe o contato entre o seu eu verdadeiro e o mundo externo, pois tem consciência da sua individualidade e a consciência das suas ações assumindo, assim, a responsabilidade por seus atos. 




2.1 O SISTEMA ENDOCANABINOIDE

O Sistema Endocanabinoide é a forma com que a maconha interage com o ser único.

 

A maconha é conhecida como droga recreativa, com a capacidade de alterar a percepção sensorial e causar euforia. 


A capacidade dos extratos da planta em causar uma variedade de efeitos medicinais não relacionados às suas propriedades psicoativas foi reconhecida no terceiro milênio a.C, quando textos chineses descreveram sua utilidade no alívio da dor e cólicas. 


Até as últimas décadas, a pesquisa sobre a maconha tendia para um campo esotérico e de interesse de um pequeno número de cientistas. Em 1964, o primeiro avanço ocorreu  devido a identificação da estrutura química o tetrahidrocanabinol (THC), o principal ingrediente psicoativo da maconha.  Os estudos dos efeitos biológicos do THC e seus análogos sintéticos revelaram sinais de interações em nosso organismo, com receptores canabinoides específicos.


A evolução dos estudos, identificou que para estimular esses receptores nosso corpo produz moléculas que têm uma semelhança estrutural com as encontradas na planta cannabis. 

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O primeiro endocanabinoide descoberto foi nomeado anandamida em homenagem à palavra em sânscrito ananda que significa felicidade.


No ano de 1964, Raphael Mechoulam foi responsável pela descoberta do Sistema Endocanabinoide (SECB). Ele identificou o sistema que é composto pelos receptores de canabinóides CB1 e CB2, que estão espalhados pelo corpo. 


O SECB compreende uma vasta rede de sinais químicos e receptores celulares que interagem entre si, no nosso cérebro e corpo. Sua estrutura envolve três componentes principais: Substância endocanabinoide, receptores e enzimas responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides. 


Substância Endocanabinóides, também chamados de canabinóides endógenos, por serem  produzidas pelo corpo e por terem estrutura semelhante a dos canabinoides extraídos da maconha. Os endocanabinoides conhecidos são: anandamida (AEA) e 2-arachidonoylglyerol (2-AG). Sendo produzidos pelo organismo conforme o necessário, o que torna difícil mensurar quais os níveis típicos para cada um. 


Os principais receptores são: 

CB1, encontrado no sistema nervoso central, controla os níveis e atividades da maioria dos neurotransmissores, regula a atividade de qualquer sistema que necessite de ajuste, seja fome, temperatura e alerta e supera outros receptores no cérebro. 


CB2, encontrado principalmente no sistema nervoso periférico e células imunes. Sua ação é fundamental para controlar nosso funcionamento imunológico, modulação da inflamação, contratação e dor. 


Normalmente esses receptores estão relacionados com as proteínas G, que captam sinais extracelulares. Contudo, são ativados quando há a presença de canabinoides no organismo. Em outras palavras, pense como uma fechadura trancada: ela só abre com a chave correta, que é esse composto químico. 

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Receptores Endocanabinoides, são encontrados em todo o corpo e são ativados quando substâncias endocanabinóides se ligam neles para sinalizar que precisa realizar o SECB.


O Tetrahidrocanabinol (THC) é um dos principais canabinoides encontrados na cannabis,  e possui efeitos psicoativos. Uma vez em seu corpo, o THC interage com o SECB ligando-se aos receptores (tanto os CB1, quanto os CB2), assim como os endocanabinoides. Isso permite que ele tenha uma gama de efeitos no corpo e na mente. Por exemplo, o THC pode ajudar a reduzir a dor e estimular o apetite. Mas também pode causar paranoia e ansiedade, em alguns casos.


Já o canabidiol ou CBD, outro canabinoide importante encontrado na cannabis não interage com os receptores CB1 ou CB2. A comunidade científica ainda não compreendeu totalmente como o CBD interage com o SECB. Algumas possibilidades sugeridas são a inibição da degradação da anandamida ou suas propriedades antioxidantes. Pesquisas sugerem que o CBD pode ajudar com dor, náuseas e outros sintomas associados a múltiplas condições.


Até o momento, o sistema endocanabinoide é fundamental para quase todos os aspectos do funcionamento do corpo, regulando e controlando as funções corporais, como: 

Aprendizado e memória; 

Processamento emocional;

Sono;

Controle de temperatura; 

Controle da dor;

Respostas inflamatórias e imunes; 

Apetite e digestão;

Metabolismo.


Todas essas funções contribuem para a homeostase.


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Atualmente acredita-se que a manutenção da homeostase seja o papel principal do SECB. 


Por exemplo, se uma força externa, como uma lesão ou infecção, desequilibrar a homeostase do corpo, o SECB entra em ação para ajudar o corpo a retornar ao funcionamento ideal.


Por exemplo, como os endocanabinoides e o receptor CB1 estão presentes em altas concentrações em áreas do hipotálamo envolvidas no controle alimentar, podemos produzir medicamentos para alívio de anorexia e náuseas em pacientes com doenças associadas a perda de peso involuntária e também medicamentos que atuem na modulação do apetite.


O estudo do SECB foi inicialmente focado em tentativas de entender a ação de uma planta considerada droga ilegal sobre nosso organismo. Mas, conforme as pesquisas foram se desenvolvendo, encontramos um sistema surpreendente, pelo qual nosso corpo aprende, sente, se motiva e se mantem em equilíbrio.


A Maconha é uma planta que contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 se classificam na categoria dos canabinóides, sendo que os mais conhecidos popularmente são os canabinóides CBD e o THC. Diferente de outras plantas medicinais, a cannabis é  completamente aproveitada e os canabinóides podem ser extraídos das folhas, flores (onde estão em maior concentração) e caule. 


Existem mais de uma centena de  canabinoides descobertos, abaixo alguns deles:  

Canabidiol (CBD)
Tetrahidrocanabinol (THC)
Canabigerol (CBG)
Canabinol (CBN)
Canabicromeno (CBC)
Tetrahidrocannabidivarina (THCV)

Canabicromeno (CBC)

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Canabinol (CBN)

Canabinodiol (CBDL)

Canabielsoína (CBE)

Canabitriol (CBT) 

Canabiciclol (CBL)


O composto CBD representa aproximadamente 40% da planta. 


É importante ressaltar que não é só na MACONHA que encontramos canabinoides, mas é onde podemos ter maior concentração deles. 


Mamíferos produzem canabinoides, ou melhor, endocanabinoides ou canabinoides endógenos. 


O corpo produz canabinoides os endocanabinoides. Por isso que nosso organismo possui receptores. 


Quando ingerimos medicações com canabinoides como princípio ativo, é possível ter um maior estímulo nesses receptores e termos benefícios em nossa saúde.


Por exemplo, temos receptores que são responsáveis pela regulação da dor. Quando eles são estimulados por esses compostos químicos, pode-se ter um efeito analgésico.


A relação de efeito com os canabinoides está relacionada com a área do cérebro em que ele está ligado. Por exemplo, se ele estiver atrelado com o sistema límbico, os efeitos podem estar ligados a memória, cognição e sistema psicomotor.


O uso da Maconha têm sido cada vez mais incentivado, pelos seus diversos benefícios, entre eles:  

Poucos efeitos colaterais, quando ocorrem são pouco nocivos;


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Não gera dependência, diferentemente de algumas medicações tradicionais;
Custo reduzido;
Benefícios rápidos, ágeis e precisos;
Benefícios que não são encontrados em alguns componentes tradicionais; 

Consegue interagir de forma positiva com medicações, representando um complemento importante para algumas terapias.


As diferenças entre CBD, CBG, CBN e CBC. 

Cada um deles atua de determinada forma, principalmente, por sua composição específica. 


Possuem ação sinergética, ou seja, um tipo age em conjunto com o outro e, assim, conseguem atuar com maior eficiência no organismo. Por isso a utilização do full spectrum é recomendada por garantir resultados mais abrangentes. 


CBD - Canabidiol 

O CBD é um dos mais conhecidos, junto com o THC. Isso porque ele é um dos mais abundantes na planta e, também, é o canabinoide com melhor custo-benefício para extração. É importante lembrar que o CBD não possui efeito psicoativo, ou seja, ele pode ser utilizado de forma segura. 


Pode ser encontrado em versões:

Óleos;
Gomas;
Cápsulas;
Cremes…


Alguns efeitos no organismo são:

ansiolítico;
imunossupressor; 



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anti-inaamatório;
neuroprotetor;

antiemético;
sedativo;

anticonvulsivo;
antitumorígeno (anticancerígeno); 

antioxidante;

antiespasmódico;
antipsicótico;
propriedades neuroprotetoras;
auxílio na saúde cardíaca;
tratamentos de pele (acne, eczema, entre outros).


Quadros que se beneficiam do uso: 

Transtorno de Ansiedade Generalizada;
Tratamento de lesões esportivas, inchaços, hematomas, entre outros;

Náuseas e vômitos, podendo ser um bom suporte para tratamentos quimioterápicos;

Depressão;

Autismo;
Câncer;
Dependência química;
Dor de cabeça;
Enxaqueca 

Insônia

Obesidade;
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT), entre outras.

O CBD é gerado por meio da descarboxilação de outro canabinoide – o CBDA. Ambos possuem estruturas e efeitos químicos muito parecidos, mas esse segundo ainda não é tão pesquisado quanto o primeiro.



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CBG - Canabigerol 

O CBG é uma das bases para a produção de outros dois canabinoides: CBD e THC e vem, também do ácido cannabigerólico (CBGA), que é conhecido como a “mãe de todos os canabinoides”. Contudo, a sua concentração é pequena na planta: normalmente menos de 1%.


Para evitar desperdícios, a sua extração precisa ser muito precisa. Por isso, o seu custo de obtenção é relativamente alto em comparação com outros e, por isso, temos ainda poucas medicações no mercado que o utilizam como princípio ativo.


Ele foi descoberto em 1964, contudo, quando pesquisadores estavam analisando o haxixe, o que fez com que a equipe acreditasse que era um constituinte do haxixe. Em 1975, finalmente, descobriram a sua presença na Cannabis.


É um canabinoide que interage com os receptores CB1 e CB2 no sistema endocanabinoide humano. Por isso, há a hipótese de que o seu uso fortaleça a função da anandamida, um neurotransmissor que auxilia na regulação de funções importantes, tais como:

Motivação;

Prazer;

Apetite;

Sono.


Seus efeitos no organismo são:

Anti-inflamatório;
Ansiolítico, auxiliando no tratamento de ansiedade e depressão;

Anticonvulsivo;
Analgésico, podendo ser ainda mais potente do que o CBD ou TCH;
Sedativo;
Antitumorígeno, anticancerígeno;
Estimula o apetite;
Redução da pressão intraocular, auxiliando no tratamento do glaucoma.

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Essa última ocorre porque temos receptores endocanabinoides nas estruturas dos olhos, com os quais o CBG liga-se facilmente. Além disso, ele é um vasodilatador e, com isso, consegue reduzir a pressão intraocular, um dos fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma.


Outra propriedade importante do CBG é a capacidade neuroprotetora, o que pode auxiliar nos tratamentos de questões degenerativas do sistema nervoso. Por exemplo, a Doença de Huntington (quadro genético fatal que causa degradação progressiva das células nervosas no cérebro) pode ser retardada por meio desse canabinoide.


Também há evidências de que o CBG possui potencial importante para o tratamento de anomalias inflamatórias intestinais e aquelas que possam causar disfunções na região da bexiga.


CBN - Canabinol 

O CBN é uma substância que vem do THC, quando é exposto a um aumento de temperatura ou, então, a uma maior concentração de oxigênio. O mesmo ocorre, quando a planta passa pelo processo de envelhecimento.


É importante ressaltar que apesar de ser derivado do THC, ele possui uma menor potência psicoativa. 


Ainda que seja menos versátil do que outros canabinoides, a ação do CBN é altamente vantajosa, principalmente, para quem possui dificuldade para dormir, tendo ações semelhantes, por exemplo, a do diazepam, com menos efeitos colaterais e menos risco de dependência química. 


Quando combinado com THC, CBD e outros canabinoides, essa propriedade é ainda mais potencializada.



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Além disso, possui propriedades medicinais importantes para o crescimento do tecido ósseo, podendo auxiliar no tratamento de degeneração óssea (como osteopenia e osteoporose), que não possuem cura e podem causar diversos danos para a qualidade de vida do paciente. 


Também possui um grande potencial antibacteriano (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18681481), inclusive, para tratamento de bactérias que são resistentes aos antibióticos tradicionais. 


Com as evidências apontando a possibilidade de surgimento de superbactérias devido à pandemia de COVID-19 (e o uso indiscriminado de antibióticos durante o período), essa pode ser uma solução interessante, no futuro, para combater infecções bacterianas que os antibióticos tradicionais não consigam dar conta.


Outras características do CBN são:

Analgésica;
Imunossupressor;
Anti-inflamatória;
Antibióticas;

Relaxamento muscular.


Apesar dos benefícios, ainda é um canabinoide que não é tão utilizado. 


CBC - Canabicromeno

O CBC tem chamado bastante atenção da comunidade médica e pesquisadores. Isso porque entre os canabinoides, ele é um dos que possui características que não são encontradas nos demais. 


É o terceiro mais abundante na planta, ficando atrás apenas do CBD e THC. Em alguns tipos, pode ter até maior concentração do que CBD.



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Ele foi descoberto há mais de 50 anos e sua estrutura assemelha-se bastante com o CBD e THC. Infelizmente ainda temos poucas pesquisas sobre seu uso, mas as realizadas já mostram potencialidades incríveis.


Ele surge da exposição à luz ou calor do CBDA, transformando-se em CBC. E não possui propriedades psicotrópicas. 


Seu uso pode aliviar dores crônicas fortes, tal como analgésicos tradicionais, sem os efeitos adversos. 


Outro benefício é a redução de inflamações em quadros reumáticos, especialmente as osteoartrites. Os resultados ainda podem ser potencializados quando utilizado em conjunto com o THC.


Temos, também, estudos que apontam o CBC com uma propriedade antitumoral importante, auxiliando no bloqueio na multiplicação de células cancerígenas. Isso pode ocorrer devido sua interação com o endocanabinoide natural (anandamida), inibindo sua captação, o que poderia ser responsável por impedir o crescimento de células cancerígenas.


Benefícios nas funções intestinais, com maior produção de secreção na região, minimizando inflamações, dores viscerais e diminuindo as possibilidades de desenvolvimento de câncer intestinal.


Propriedade neuroprotetora para as células do cérebro. Segundo estudo com camundongos, realizado em 2013, o CBC auxiliou na proteção das células do tronco neural, fundamentais para um cérebro saudável, mantendo a sua homeostase e, também, auxiliando na defesa contra o estresse oxidativo. Esses pontos ruins são responsáveis pelo surgimento de alterações neurológicas como o Mal de Alzheimer.


Há evidências de que o CBC possui capacidade de atuar como fungicida e bactericida. 

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Além disso, ele também possui outras potencialidades, tais como:

Sedativo;
Hipotensor;
Anti-inflamatório;
Prevenção de problemas de pele.


Esse é um canabinoide que funciona melhor quando utilizado em combinação com outros, amplificando as propriedades de cada um.


Outros Canabinoides que possuem propriedades importantes para o uso medicinal:

THCV; 

TCH;

THCaA CBDA;

CBGA;

CBGA;

CBDV;

Importante frisar que a Maconha possui mais de 100 canabinoides que estão sendo estudados, para maior possibilidades no uso medicinal.


Outro ponto é: a planta não é composta apenas de canabinoides. 

Possui outros 1495 compostos, e muitos deles possuem propriedades importantes para os cuidados com saúde.


Estão entre eles:

91 esteroides;
46 polifenóis; 

121 terpenoides;
110 terpenos;
19 aavonoides;
49 aavonoides glicosados, além de 882 compostos que ainda não foram devidamente estudados.

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A Maconha vem ganhando destaque na comunidade científica, com as quebras de paradigmas preconceituosos.


Com ela é possível: Um tratamento conjunto, reduzir uso ou substituir medicações tradicionais que podem não surtir mais os efeitos desejados ou que estejam causando efeitos colaterais que estejam prejudicando a qualidade de vida do paciente e promover a homeostase do ser.




2.2 - A RELAÇÃO TERAPEUTA X PACIENTE


Com a descoberta dos endocanabinoides, produzidos pelo cérebro, que podem estar envolvidos na remodelação dos circuitos neuronais, na extinção de memórias traumáticas, na formação de novas memórias e na proteção de neurônios. 


O sistema endocanabinoide é fundamental no controle da resposta imune, apetite, sono, estresse, emoção, dor, locomoção, funções cardiovascular e broncopulmonar, pressão intra-ocular, inflamação e reprodução, entre outros aspectos da fisiologia e do comportamento. A desregulação do sistema canabinóide, pode ocasionar depressão, epilepsia, dependência psicológica, esquizofrenia e doença de Parkinson. Essa vaidade de efeitos indica que os canabinóides agem no entroncamento de muitas vias metabólicas diferentes, funcionando como um coringa bioquímico de inúmeras faces ou uma panaceia. 


Devido ao enorme potencial terapêutico, a indústria farmacêutica e seus laboratórios começaram a apresentar aos médicos a nova “moda”, não importa promover a cura do ser único e sim, manter a visão tacanha, administrar a posologia e resolver a queixa principal. Esquecem de promover a compreensão do ser único, com suas particularidades e nuances. Não explicam todo o potencial terapêutico da Maconha. Não se preocupam em promover a cura real. 



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Conforme CZERESNIA (2007), numa abordagem ampla, a personalidade é o temperamento e o caráter que todo ser humano possui de uma forma única, singular e particular.  Representa o  que o indivíduo possui de mais íntimo, sua impressão digital. É uma estrutura dinâmica integrativa e integrante, assegurando a unidade relativa e a continuidade no tempo dos conjuntos que explicam as particularidades próprias de cada indivíduo, na maneira de sentir, pensar, agir e reagir.


A representação da saúde e da doença na cultura ocidental, possuem diferentes realidades. O corpo é fragmentado em diferentes perspectivas teóricas, configurando o conhecimento biológico, psíquico e social, e o adoecer destaca-se na ordem biológica, não permitindo espaço para as dimensões psíquicas e sociais do adoecer. Com isso, a  sociedade ocidental compreende a doença como uma concepção mecanicista, analisando a estrutura material do corpo e encobrindo as relações, as emoções e a singularidade do sujeito, não incluindo o homem em sua integridade. Na prática, o cuidado com as pessoas fica defasado em relação ao cuidado com seus órgãos.


Para Czeresnia (2007), apesar do reconhecimento de que: meio ambiente, estilo de vida, aspectos psíquicos e sociais são importantes contribuintes para a gênese das doenças, a compreensão dos processos biológicos que ocorrem nas interfaces do corpo pode vir a aproximar as dimensões biológica e psíquica, em direção à busca de integração do psicossoma. 


Partindo do paradigma do ser único, utilizaremos os preceitos de Mayumi (2023), na relação terapeuta X  paciente, quando afirma que esta relação é o pilar fundamental 

para uma comunicação eficaz, criando um vínculo empático capaz de influenciar positivamente o curso do tratamento. A relação médico-paciente não é apenas uma interação clínica, e sim, uma conexão humana com impactos profundos. Não adianta o avanço tecnológico e os novos tratamentos se a conexão pessoal foi subestimada. 




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A relação médico e paciente é baseada na interação e sentimentos entre ambos, apesar de ser uma relação profissional, exige empatia e conexão. Um exemplo, é o médico da família, que costuma atender vários familiares ao longo da vida. 


O principal diferencial que um médico pode oferecer é o cuidado e humanização com o paciente, seja no momento da consulta, ou em outras etapas. Separar alguns minutos para ler a ficha e assim se familiarizar. 


Mayumi (2023) cita o código de ética do Conselho Federal de Medicina, que aborda a relação com pacientes e alguns aspectos que exigem mais atenção:


Evitar abandonar o paciente após o início do tratamento. Muito comum, remarcam e esquecem que o paciente na utilização da maconha precisa de um atendimento diferenciado, muitas das vezes, até compreender a interação do paciente com a maconha, seja necessário um olhar diário. 


Informar, orientar ou explicar de maneira clara e objetiva, com o máximo de informações necessárias. 


Permitir acesso ao prontuário, proporcionando um melhor histórico. 


Proporcionar atendimento digno, tratando com respeito e sem atrasos.


Respeitar a autonomia, o direito a escolha de consentir ou recusar procedimentos.


Na prática clínica, estabelecer relacionamentos positivos é mais que um mero ato de cordialidade, é uma estratégia que oferece múltiplos benefícios tanto para os profissionais quanto para os pacientes.


Por outro lado, para o paciente, os benefícios de um bom relacionamento entre o médico e paciente inclui: 


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Melhor compreensão de sua condição médica e tratamento;

Maior conforto e satisfação durante as consultas;

Maior adesão ao tratamento;

Sensação de participação ativa no processo de cuidado com a saúde;

Melhoria na qualidade de vida por meio de um tratamento mais personalizado e eficaz.


O relacionamento entre o terapeuta e outros profissionais, desempenha um papel crucial, a colaboração multidisciplinar melhora a continuidade do cuidado, promovendo uma experiência integrada e coesa para o paciente.

SANTOS (2004), lista modelos de relação entre médico e paciente utilizados como referência:


Modelo sacerdotal: o médico adota uma postura paternalista e ordena todos os passos do tratamento, sem considerar a opinião do paciente;


Modelo engenheiro: oposto do modelo sacerdotal, no qual todo o poder de decisão se concentra no paciente;


Modelo colegial: relação igualitária de poder entre médico e paciente;


Modelo contratualista: o paciente tem uma participação ativa na tomada de decisão, mas o médico preserva sua autoridade e é responsável pelas decisões técnicas.


Por outro lado, o terapeuta deve estar preparado para lidar com os pacientes e suas peculiaridades objetivando uma relação cordial e proveitosa para ambos. Mayumi (2023) lista alguns tipos de pacientes:


O Sabe tudo: com a internet ao alcance das mãos, este paciente costuma fazer extensas pesquisas antes de ir ao médico. O desafio é equilibrar a sua sede de conhecimento com uma orientação médica precisa e confiável. Ser melhor que a IA.


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O Fragilizado: se apresenta vulnerável diante da dor ou do diagnóstico de um problema de saúde.  Necessita de atenção. 


O Inseguro: diante da incerteza sobre o tratamento, este paciente necessita de uma comunicação clara, calma e detalhada, bem como paciência para responder às dúvidas;


O Contestador: reclama de tudo, pode estar estressado devido à sua condição de saúde. Ouvi-lo com atenção e evitar uma postura defensiva.


Exigente: espera um serviço de qualidade e busca máximo retorno. Transparência, paciência e a capacidade de responder claramente a todas as suas dúvidas são essenciais.


Desatento: muitas vezes, não está aberto para escutar ou seguir as orientações médicas. Nesses casos, o foco no bem-estar do paciente  é vital. 


Visando melhorar a relação terapeuta e paciente, Mayumi (2023) elenca os itens mais importantes: 


O preparo para receber o paciente: Ler o prontuário antes do atendimento, concentre-se no paciente que irá atender. 


Usar uma linguagem clara e direta, mesclar termos técnicos e linguagem popular, perceber se o paciente está compreendendo a explicação, deixá-lo à vontade para que possa fazer perguntas. 


Crie vínculo, a consulta é o momento mais propício para criar vínculos e conhecer quem é seu paciente além de sua queixa, conhecê-lo como pessoa. Pergunte onde trabalha, se estuda, tem filhos. Essa prática ajuda no diagnóstico, porque um sintoma pode ter origem em um hábito do dia a dia ou um problema psicológico.


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Um ponto importante é quando o terapeuta não concorda com o paciente ou ele não concorda com a sua opinião. É vital mostrar compreensão, mesmo que discorde das ações do paciente, ele estará mais disposto a te escutar se sentir que não está sendo julgado. Se ele não confiar e não tiver empatia, é capaz de nunca mais retornar.


Ter uma escuta ativa, estar atento aos detalhes que podem passar despercebidos, como insegurança, desconforto e receio que costumam aparecer por meio de expressões, gestos ou falas. 


Respeitar o tempo do paciente atendendo no horário marcado, sem pressa, para uma melhor compreensão das preocupações e sintomas. 


Empatia, sempre. Empatia na consulta é a capacidade de poder ver o paciente e o paciente ver o terapeuta, um momento de quebra de paradigmas, quebrar o medo, a angústia, a ansiedade.  Nos imaginarmos no lugar do paciente e entender porque um tratamento provavelmente é tão difícil, demonstrar que se importa e que está ali para ajudar. Não é um exercício fácil ou simples, mas sempre tente se colocar na posição do paciente. Essa prática ajuda num atendimento humanizado. 


Mantenha contato no pós-consulta, na utilização da Maconha o feedback é de suma importância permitindo ao paciente sentir-se seguro e acolhido durante o processo.  


Converse com os outros profissionais, preconize a prática multidisciplinar. 


O ser humano completo é muito mais que seu corpo físico, órgãos e sistemas, ele possui ainda os corpos: emocional, mental, e espiritual (energético), que apesar de divididos didaticamente, estão intrinsecamente interligados. 


O Ser Humano completo também interage a todo instante com os fatores externos, ambientais, sociais, familiares, culturais, globais e universais. O que amplifica a complexidade etiológica de cada adoecimento.

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E a relação médico-paciente é um componente crucial para o sucesso da saúde e bem-estar do paciente. Construindo uma parceria sólida, onde o médico pode compreender plenamente as necessidades e expectativas do paciente, e o paciente pode sentir-se confortável para compartilhar suas preocupações e seguir as orientações médicas de maneira mais efetiva.




2.3 - PRESCRIÇÃO 

Cada caso é um caso,  e cada um tem uma individualidade biológica. Isso acontece, no sistema endocanabinoide e cada pessoa tem um grau de desequilíbrio. Por isso adotar o start slow e go slow. Cada um responde com dose diferente, pois cada um tem uma composição do sistema endocanabinoide e um desequilíbrio de endocanabinoides diferente, explicou Dr. Felipe Neris Nora, CRM 25097, com quem Tammer (2023) conversou para escrever a matéria na  Cannabis e Saúde e tirar esta dúvida. 


A prescrição de canabinoides é diferente, visto, cada ser possuir uma composição do sistema endocanabinoide único. 


Conforme exemplo de Tunner (2023), se o ser possuir menor quantidade de anandamida e mais 2-AG, se há estresse ou doença crônica, ou se for agudo, poderá ter menos anandamida e ainda não ter mais 2-AG, para fazer esta resposta compensatória. Além disso, tem também outro mecanismo do sistema endocanabinoide, que são as enzimas que degradam os endocanabinoides. Tem seres que possuem menos enzimas e as acabam tendo mais endocanabinoides.


Já vimos antes, o papel do Sistema Endocanabinoide no equilíbrio do corpo, que nos obriga a prática do olhar diferenciado, visto, ser um dos sistemas bioquímicos mais complexos e relevantes do organismo humano.  


Atuando em diferentes tecidos e órgãos, modulando as respostas imunológicas, a comunicação neural, a sinalização celular, entre muitos outros processos biológicos 

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e desempenhando papel importante no desenvolvimento do sistema nervoso central, na plasticidade sináptica e na resposta a danos endógenos e ambientais, percebemos que ele compreende um vasta rede de sinais químicos e receptores celulares que estão em todo nosso cérebro e corpo, sendo fundamentais para a homeostase.


Conforme depoimento do Dr. Felipe Nora para Tammer (2023), ele utiliza a prática  “start slow e go slow”, ou seja, começar com uma dose baixa e ir progressivamente aumentando. E afirma não existir receita de bolo, não é necessário a realização de um teste genético para compreender o desequilíbrio do sistema endocanabinoide. E nem para saber a quantidade exata de fitocanabinoides que devem ser consumidos por um paciente. É o próprio paciente quem irá responder, de acordo com seu sistema endocanabinoide. 


A utilização da maconha, como forma de produzir equilíbrio entre corpo, mente e espírito  e promover a homeostase, vai além da clínica convencional, da consciência. Utiliza o conhecimento ancestral, a compreensão da dualidade do ser, para promover o equilíbrio.


Neste aspecto, assemelha-se a prescrição na Terapia Floral, conforme Martins (2021): A Essência Floral é uma das mais antigas modalidades naturais de cura que se transformou numa forma singular e especializada de terapia energética sutil. 




2.4 - ESSÊNCIAS VIBRACIONAIS OU ESSÊNCIAS FLORAIS 

Conforme Lang (2020), o Sistema de Saúde oferece de forme integral e gratuita a terapia floral, como uma das Práticas Interativas e Complementares em Saúde desde 1956, visando tratar questões ligadas ao bem estar emocional e consequentemente, da saúde corpo-mente, propiciando o equilíbrio para alcançarmos a homeostase. 


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Ingerida por via oral, vem sendo apontada em inúmeras referências como capaz de proporcionar bem-estar interior e equilíbrio energético. Martins (2021) utiliza esse dado como evidência de que atuam diretamente no sistema endocanabinóide, enquanto medicina vibracional, contribuindo para a homeostase no organismo humano.


Em seu trabalho, cita Malcher-Lopes e Ribeiro, enfatizando o aspecto de orquestração das funções vitais, justificando a ação da Cannabis, visto que, o sistema endocanabinóide está presente em todos os invertebrados e vertebrados. Nos vertebrados regula funções orgânicas por meio do receptor periférico CB2 e funções neurais através do receptor CB1, que é um dos receptores mais abundantes no cérebro... A presença ampla dos receptores de canabinóides no organismo e as evidências de que os endocanabinóides são influenciados por hormônios indicam que o sistema endocanabinóide funciona como um dos principais maestros na orquestração das funções vitais, conforme o contexto em que o organismo se encontre. Isso explica por que a maconha produz efeitos tão complexos e indica o fantástico potencial do sistema endocanabinóide como alvo de novos remédios.


E ressalta a importância de chamar atenção para a complexidade dos efeitos da Cannabis e o potencial alvo do sistema endocanabinóide para os remédios vibracionais.  


Para maior compreensão, Martins (2021) considera vibração como sinônimo de energia e explica que: Diferentes frequências de energia refletem taxas variáveis de vibração, se a matéria e a energia são duas manifestações diferentes da mesma substância energética primária de que são constituídas todas as coisas que existem no universo, incluindo os nossos corpos físicos e sutis. A taxa vibratória dessa energia universal determina a densidade de sua manifestação na forma de matéria. A matéria que vibra em velocidades mais que a da luz é chamada de matéria sutil. A matéria sutil é tão real quanto a matéria densa sua taxa vibratória é simplesmente mais rápida. Para alterar os corpos sutis, temos de administrar a energia que vibra em frequências que estão além do plano físico 

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A maior referência no uso terapêutico de essências florais é o médico Edward Bach, homeopata, bacteriologista e imunologista.  Ele desenvolveu no final da década de 20 na Inglaterra pesquisas constatando cientificamente que essências florais proporcionam aos indivíduos a diminuição de sintomas de estresse, depressão, medos, cansaço físico, mental.


Os florais não usam o material físico da planta, mas a energia essencial que se encontra dentro da flor. Essa energia é extraída de modo particular. Toma-se uma terrina de vidro enche-se com água pura, colhem-se as flores em número suficiente para cobrir toda a superfície da água onde permaneceram flutuando à luz do sol durante um período de 3 a 4 horas. Mediante um processo de alquimia natural, a energia de cura que existe dentro das flores é transferida para água. As flores são removidas e o líquido é colocado em vidro na proporção de 50% da essência floral e 50% de brandy ou conhaque, que funciona como conservante.


Bach (s.d) pesquisou e descobriu, como sintonizador do sistema Florais de Bach, que as essências florais poderiam ser utilizadas para tratar vários problemas emocionais e fisiológicos. Ele associou as problemas, à personalidade do ser, entendendo que a ligação doença-personalidade era provocada por padrões energéticos disfuncionais nos corpos sutis. Ele teve a impressão de que as doenças eram causadas pela desarmonia entre a personalidade física e o Eu Superior, ou alma, a qual refletir-se-ia em determinados tipos de peculiaridades mentais e atitudes presentes no indivíduo. Essa desarmonia mental e energética entre a personalidade física e o Eu Superior era considerada mais importante do que o processo patogênico, assim, as energias vibracionais sutis das essências florais poderiam contribuir para realinhar os padrões emocionais de disfunção proporcionando vitalidade física e mental, o que contribuiria para a cura de qualquer doença física.


Conforme Souza (2005), as essências florais trazem do inconsciente para o consciente, o material recalcado ou reprimido, permitindo que tenhamos consciência dos mecanismos e a possibilidade de responder conscientemente aos desafios do 

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quotidiano. A partir do momento que percebemos nossa real situação, buscamos dentro de nós mesmos saídas e entendemos que as nossas escolhas nos pertencem e que somos responsáveis por nós. 


A terapia floral, tem como finalidade promover a saúde emocional e possibilitar escolhas saudáveis para o indivíduo. Atuando no campo da consciência, alinhando Espírito, Alma e Mente, facilitando o acesso aos dons. 


À atuação dos fitocanabinóides, que fazem parte da Maconha e atuam no equilíbrio e bem-estar assim como as essências florais, que possuem ação vibracional, e eficácia em proporcionar esse equilíbrio energético e bem-estar. 


Atualmente o Brasil é o país onde mais existem diferentes sistemas de essências florais, um deles, os Florais da Amazônia. Suas essências são identificadas por flores de plantas, cada flor possui uma expressão, transmitida pelos elementais que irão atuar dentro do que é possível em cada indivíduo, muitas vezes desenvolvendo padrões negativos, que surgem como patologias cristalizadas. A essência floral atua fazendo emergir o estado de desequilíbrio, agravando o sintoma, para iniciar o processo de cura. 


Martins (2021), atrela a ação das essências florais nos meridianos da medicina chinesa, a força vital do remédio entra nos chacras ou retorna para um nível celular entre os sistemas nervoso e circulatório. Constata que a Maconha possui nas suas flores concentrações de inúmeros fitocanabinóides, sendo local de energias biomagnéticas. 


Bach (s.d) afirma que as essências florais agem através da força vital e possuem a capacidade de atuar de forma energética-vibracional ou diretamente em nível celular no corpo físico. Sendo a única capaz de atuar diretamente em energias espirituais superiores até ao nível do corpo físico.



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Barnard (1979) também destaca que os florais não utilizam o material físico da planta, mas a energia essencial que se encontra dentro da flor. 


Grillo (2001) deixa claro que, a ação das essências florais é baseada em sua própria natureza. São padrões de consciência e/ou de informação que atuam por ressonância vibratória catalisando processos de transformação na consciência, nutrindo as forças da alma, despertando os dons, talentos, virtudes e potenciais latentes em cada um. 


Atuam, fundamentalmente no campo da nossa consciência, alinhando o Espírito, a Alma e a Mente, facilitando acesso para mobilizar ou ancorar virtudes, ou atitudes necessárias para integração de padrões mentais que estão em desequilíbrio com os desígnios da alma, gerando desarmonia na circulação da energia vital. A cristalização desses desequilíbrios tende a se precipitar através dos chacras no sistema endócrino, manifestando-se no corpo físico através do desconforto, mal-estar ou doença.


No caso da Maconha, conforme Martins (2021), possui o potencial de molécula espírito ao viabilizar manifestação de uma força vital que equilibra o organismo humano, proporcionando inúmeros benefícios através de suas propriedades medicinais que atuam no sistema endocanabinóide. São os de manifestação da inteligência da planta, dentro de vibração etérica, atuações vibracionais e fitoterápicas.


Pontuando assim, que as essências florais possuem a capacidade de proporcionar uma sintonização com outros reinos ou alinhamento com Eu Superior (BACH 1991), a partir da força vital da inteligência da planta em sua vibração etérica. As plantas professoras, como a Maconha, possuem características que viabilizam a abertura de um canal de comunicação com uma força vital particular, que muitos chamam de espírito.



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Conforme Bach (s.d), a diferença é que cada espécie tem característica própria, princípios ativos diferentes que se manifestam dentro de uma inteligência e vibração etérica específicas, mas também ainda em atuações relativas aos indivíduos com os quais interagem.


Mais uma vez é necessário citar Grillo (2001) quando afirma que: Curando as causas de um desequilíbrio, alguns sintomas físicos tendem a desaparecer, mas situações em que os conflitos internos, hábitos inadequados e desequilíbrios energéticos afetam seriamente o corpo físico e podem  gerar processos rápidos e perigosos para a integridade física ou mental.


Muitas vezes estes processos são mais rápidos do que a habilidade ou possibilidade de harmonizar ou transformar os padrões que geram este quadro físico.


A autora complementa destacando que as essências florais, assim como a maconha,    catalisa dons, qualidades e atitudes que, quando interagem com o ser, dão o suporte necessário para sua integração.
















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CONCLUSÃO


Esta pesquisa abordou como temática principal a utilização da MACONHA na clínica, respeitando a visão do ser único.


O foco principal deste trabalho foi direcionado para a trajetória da Maconha, deste os primórdios até a atualidade, sua utilização como remédio e planta de poder espiritual, a  panacéia que promove a homeostase, a evidência da atuação no sistema endocanabinoide, sua prescrição única, as qualidades que o terapeuta terá que desenvolver para trabalhar na clínica canábica e a sinergia com as essências florais.


Com relação ao objetivo e à hipótese, pôde-se observar, pelas falas dos autores referenciados que é importante e necessário à saúde física do corpo, um equilíbrio entre a consciência (alma) e a vida (espírito) sendo essa homeostase a responsável pelo padrão de saúde. A Maconha promove a conexão com o eu interior, facilita a escuta para compreensão dos desequilíbrios e a posterior cura, através da homeostase de todos os corpos.  


Foram analisadas e utilizadas referências bibliográficas atuais sobre a visão do Ser Único e a utilização da Maconha na clinica. 


Com isso, o entendimento desta autora sobre a Maconha, é de que esta preconiza o conceito holístico de saúde e que só é plenamente alcançado com a harmonização de todos os aspectos de que se constitui o ser humano: físico, mental, emocional e espiritual.

A autora cita Dahlke e Dethlefsen (1983), como exemplo, para melhor entendimento  do que é esperado na clínica canábica: Para eles, o asmático tem diversos problemas simultâneos: o dar e receber, pois tentam receber em demasia, retendo tudo, por isso acabam se envenenando com o fato de não poder expelir o ar usado. O desejo de se isolar é um desejo ativo e atinge o seu auge com a morte. Por último, o desejo de poder e a sensação de inferioridade, o asmático usa o sintoma de sua 

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doença para dominar o mundo ao seu redor, as pessoas têm que se desfazer dos animais de estimação, remover o pó, ninguém tem permissão para fumar e assim por diante. 


Quanto a gripe a ao resfriado,  são entendidos como processos inflamatórios agudos e que são a expressão da elaboração de conflitos. O resfriado sempre aflige a pessoa quando enfrenta situações críticas, quando se sente entupida até o nariz. O fato de não estar preparado para lidar com desafios da vida diária faz com que ocorra uma somatização. O nariz entupido, o resfriado, torna qualquer tipo de comunicação impossível (afinal, respirar é um tipo de contato!). Com a ameaça “Não se aproxime, estou resfriado” podemos manter qualquer pessoa à distância. Alguns espirros bem dados também são uma boa arma protetora, enfatizando nossa atitude defensiva. 


Porém a atual clínica cartesiana pregoa a visão mecanicista, de pedaços do Ser, resumindo este a exames e posologia implementada pela idade, peso e sexo, protocolos como se fosse uma máquina que necessita-se de reposição de peças e não um único bloco com suas interdependências. O paciente é  colocado no mesmo balaio, independente das questões mentais ou religiosas. Faltando requisitos mínimos necessários a compreensão  das  multifacetárias visões do ser.


Qual terapeuta consegue compreender sua própria natureza para entender e cuidar da natureza do outro?  Quem está preparado? Bach (s.d) cita alguns fundamentos para reflexão: O primeiro é que todo homem possui uma alma, uma centelha divina que o guia, e é o verdadeiro “eu”. O corpo nada mais é que um veículo material e temporário de manifestação da alma. O segundo, é que todos vêm à terra com uma determinada missão, que se resume em eliminar os defeitos e ampliar as virtudes. Para isso é que todo o teatro da vida é montado. O terceiro é que todos são eternos e que a consciência subjetiva não se extingue de forma alguma após a morte física. O último, diz que o conflito aparece quando as personalidades se desviam do caminho traçado pela alma, atraída pelos fúteis desejos terrenos ou pela influência de outras pessoas. “Esse conflito é a causa principal da doença e da infelicidade.” A 

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parte mais importante é que se precisa cuidar de harmonizar a personalidade, não sendo necessário se ocupar em demasia com os sintomas físicos. Estes são elementos simbólicos da profundidade e da natureza do desequilíbrio da alma. A doença é um erro básico e profundo que se deve compreender e sanar. 


Neste estudo, a questão pesquisada tratou de saber se os terapeutas estão preparados para tratar o paciente, como um Ser Único.  Pode-se dizer que a questão foi respondida parcialmente, visto que, foi possível constatar durante o curso que a visão mecanicista ainda permanece, dificultando um novo  paradigma.


Falta ao terapeuta desenvolver o alquimista adormecido e caso não possua a qualidade referida, deve repensar sua atuação na prescrição e acompanhamento na clínica da Maconha. Pois os tempos modernos trazem a Inteligência Artificial, com mais e abrangentes informações e pode-se programar todos os protocolos para serem aplicados.  A sociedade já consegue perceber que se não iremos lidar com todas as particularidades do ser, a máquina é mais rápida, mais objetiva e com mais acertos.  Quem precisa de outro ser, se não irão cuidar do ser? 


Mostrar a mudança no paradigma, na forma de enxergar o paciente, durante a consulta e durante o acompanhamento, com visão abrangente para alcançar os resultados esse é o objetivo, só o tempo dirá se foi alcançado.  


A interação entre terapeuta e paciente ficou aquém do necessário, necessitando de maior empenho e preparo por parte do terapeuta no desempenho da clínica. Faz- se necessário a visão do ser psicossomático, um ser único que necessita ser visto em todas as suas dimensões.  


A relevância da psicossomática na compreensão das emoções causadoras dos desequilíbrios, como ferramenta na clínica, trazendo nova leitura na anamnese, compreendendo o potencial curativo da maconha como planta sagrada e se bem implementada, possibilitando a cura em diversos níveis. 


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Melhorando tanto na prática integrativa quanto na paliativa, os objetivos serão sempre os mesmos: O paciente. A compreensão da origem do desequilíbrio, sua expressão através da doença e como pacificá-lo através da terapia com a maconha. para isso torna-se imprescindível a compreensão da simbologia das doenças. Todo doença possui um significado e compreendê-lo é que faz a diferença no processo de cura. De modo análogo a doença oferece tanto um desafio como a oportunidade de descobrir e entender o problema latente, enquanto não for feito isso, o desafio não só continuará a existir como se tornará mais exigente cobrando cada vez mais a compreensão do problema. Quanto maior for a resistência, maior será a pressão exercida pelo sistema.


Concluiu-se, que, a interação entre terapeuta e paciente necessita de maior empenho e preparo por parte do terapeuta no desempenho da clínica. Faz- se necessário a visão do ser psicossomático, um ser único que necessita ser visto em todas as suas dimensões.


Fica uma questão a ser desenvolvida:  De que forma a terapia floral, a maconha e a psicossomática promoveriam a cura e/ou homeostase do ser.















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