domingo, julho 31, 2011

ESTRESSE DENTRO DE CASA DEIXA CRIANÇAS MAIS SUSCETÍVEIS A DANOS CAUSADOS PELA POLUIÇÃO DO TRÂNSITO, MOSTRA PESQUISA – O GLOBO – 25/07/11

NOVA YORK - Crianças em casas com níveis elevados de estresse são mais vulneráveis a danos nos pulmões causados por poluição em decorrência do trânsito do que crianças cujos pais são mais calmos, de acordo com os resultados de um novo estudo.
- Faz sentido - disse Jane Clougherty, da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, que não participou do estudo. - O desgaste corporal causado pelo estresse poderia tornar o indivíduo mais suscetível aos efeitos do tráfego relacionados com a poluição do ar.
Os pesquisadores mediram diversos indicadores de função pulmonar em cerca de 1400 crianças que viviam no sul da Califórnia. Eles também calcularam a quantidade de poluentes do trânsito a que as crianças estavam expostas recolhendo amostras de cerca de mil diferentes locais naquela região.
Particularmente, os cientistas estavam procurando óxido de nitrogênio, que se forma quando combustível é queimado e pode causar danos no tecido pulmonar e fazer a asma piorar, explicaram eles num artigo publicado no "American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine".
Seis anos antes, os pais das crianças preencheram um questionário sobre seus níveis de estresse. As perguntas abordavam a frequência com que eles se sentiam capazes de lidar com problemas pessoais ou se sentiam no controle de uma situação, por exemplo.
Os níveis de poluição no ar variaram muito dependendo de onde as crianças viviam, de seis partículas por bilhão de óxido de nitrogênio a 101 partículas por bilhão. Para as crianças que viviam em casas com níveis de estresse elevados, quando a quantidade média de óxido de nitrogênio no ar subia para 22 partículas por bilhão, suas funções pulmonares pioravam 5%. No entanto, o mesmo aumento de poluentes no entorno de crianças cujos pais apresentaram baixos níveis de estresse não representou nenhuma mudança em suas funções pulmonares.
Um estudo anterior havia mostrado que crianças expostas à poluição relacionada ao trânsito e níveis de estresse elevados em casa eram 51% mais propensas a desenvolver asma que crianças expostas aos mesmos poluentes, mas que viviam em ambientes menos estressantes.
Não está clara qual a relação entre a poluição, lares estressantes e a função pulmonar, mas os pesquisadores dizem que estresse e poluição estão ambos ligados a inflamação e danos ao tecido.

Neste caso, o tratamento é primeiro dirigido aos pais, pois pais equilibrados e resolvidos geram crianças sem stress.

As essências que ajudarão neste equilíbrio são: Larch, Pine, Beech, Chicory, Holly, Red Chestnut. Só não pode esquecer na fórmula o Rescue para dar o suporte 

PSICOTERAPIA PARA ACABAR COM O MAU HUMOR - O GLOBO - 31/07/11


RIO - O mau humor crônico atinge pelo menos 3% da população mundial, segundo pesquisas, e pode ser sintoma de um transtorno psicológico chamado distimia. O tema foi o escolhido pelos leitores no site do GLOBO para a coluna desta semana. A psicóloga Monica Portella, diretora do Centro de Psicologia Aplicada e Formação do Rio de Janeiro (CPAF-RJ) e autora do livro "A ciência do bem-viver - propostas e técnicas da psicologia positiva" (CPAF- RJ), explica que as pessoas mal humoradas e depressivas cometem diversos erros no que diz respeito ao aspecto cognitivo, como, por exemplo, maximizam o fator negativo e minimizam o positivo; levam sempre as questões para o lado pessoal e acham que estão sendo injustiçadas ou que o acontecimento ruim ou desagradável só acontece com elas. A técnica de psicoterapia cognitiva e comportamental, diz Monica, pode ajudar a controlar o problema e, em alguns casos, é necessário tomar medicamentos, receitados por especialista.

Quando o mau humor se torna uma doença?
MONICA PORTELLA: Esta é uma característica dos transtornos de humor, que incluem depressão, distimia e transtorno bipolar. A distimia é um estado de depressão leve crônico e se manifesta já na adolescência. Por ter sintomas mais leves do que a depressão, às vezes leva mais tempo para as pessoas procurarem tratamento. Quem tem distimia sente-se desmotivado, mal humorado mostra sentimentos negativos e impaciência. Porém, uma pessoa sem esses transtornos de humor pode ser mal humorada, já que o nosso humor pode ser, em parte, geneticamente determinado. Os determinantes do humor são três: circunstâncias da vida, isto é, acontecimentos felizes ou não (10%), genética (50%) e 40% atividades intencionais, como menciona a pesquisadora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia. Entre essas atividades estão ser otimista, focar metas pessoais, cultivar a relação com outras pessoas, práticas espirituais e ações relacionadas com o corpo. Geralmente os mal humorados crônicos alimentam pensamentos automáticos, espontâneos, ligados a coisas negativas. As pessoas mal humoradas maximizam tudo de ruim.

Quais são os sinais?
MONICA: Irritabilidade, tristeza, impaciência, comportamento agressivo, e, algumas pessoas, podem sentir reação fisiológica como aperto no peito relacionado à angústia. Estes sintomas podem ser observados na infância e isto não quer dizer que a pessoa vai sofrer do problema, pois existem outros fatores determinantes. O ambiente também pode influenciar de forma negativa. Filhos de pais mal humorados podem sofrer de mau humor.

Qual é a incidência?
MONICA: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 3% da população mundial, cerca de 180 milhões de pessoas, sofrem de distimia, sendo o mau humor mais comum em mulheres, por causa das oscilações hormonais. No diagnóstico é importante entender que o mau humor não é uma doença e sim uma característica de um transtorno.

Qual é o tratamento atual?
MONICA: É possível conseguir bons resultados com a terapia cognitiva e comportamental, que vai modificar a maneira de a pessoa sentir, pensar e agir. O objetivo é trabalhar os padrões de pensamentos, os tais erros cognitivos, comportamentos, sentimentos e reações fisiológicas. Em relação aos nutrientes, há estudos mostrando que determinados alimentos mexem com o humor e podem melhorar o bem-estar, ao aumentar a produção do neurotransmissor serotonina. Já a prática de exercícios físicos é importante, pois há comprovação da liberação da endorfina e serotonina, importantes para o humor, além de melhorar a autoestima. A medicação é receitada quando o problema se torna prejudicial à rotina do indivíduo. Normalmente são indicados antidepressivos que devem ser receitados com acompanhamento psiquiátrico. O mau humor crônico tem cura com terapia e, se necessário, o especialista indicará tomar fármacos.


Não esquecendo a Essência Floral do Dr. Bach Willow, que trabalha a amargura e a rabugice deste desmancha prazer.   

quarta-feira, julho 13, 2011

OS ARQUÉTIPOS DA VELHICE


Dahlke em seu livro As Crise da Vida Como Oportunidades de Desenvolvimento, reserva um capítulo para abordar a Velhice.

Neste capítulo ele aborda os arquétipos clássicos da velhice em suas formações solucionadas e não solucionas como veremos abaixo.

O arquétipo mais conhecido e apreciado é o do velho sábio e sua correspondente a velha sábia, que representa um papel bastante secundário no Ocidente e se desenvolve raramente. Mas entre nós também é um objetivo de vida para muitas pessoas. Além disso, os arquétipos sempre valem para ambos os sexos.

 O VELHO SÁBIO é aquele ser humano que, depois de dominar suas tarefas na vida, recolhe-se conscientemente da polaridade e concentra suas forças na volta ao centro. Ele se desapega ao menos interiormente de todas as posses materiais e de tudo o que não é essencial e preocupa-se muito mais com a viagem para o interior. Seguindo as pegadas de Sócrates, ele pode reconhecer que com todo o seu conhecimento ele nada sabe e que a sabedoria nasce da simplicidade. Seu pensamento abandona a superfície e mergulha nas profundezas, em que o modelo do mundo é tecido de princípios primordiais e onde a unidade aparece por meio das estruturas da polaridade. Ele não conhece as coisas só intelectualmente, mas vive as experiên­cias do seu verdadeiro ser interior. Pode contemplar tudo, sem ter que avaliar ou julgar, enquanto descansa em si, olha com conhecimento e boa vontade para o mundo. O velho sábio é um ser humano que se torna novamente uma criança num novo plano que entende a ilusão do tempo e vive na unidade.

Há uma dificuldade para se alcanças esse arquétipo. A próspera sociedade ocidental juntou enorme conheci­mento, mas, conseqüentemente, deixou de abrir espaços para a experiência. Porém, quando a tentativa de tornar-se velho e sábio é perdida de vista, com muito mais freqüência surge a CARICATURA DO VELHO SÁBIO.

Trata-se do IDOSO INSENSATO, um idiota, o "professor distraído", que por certo acumulou conhecimentos e que, no entanto, não possui sabedoria, e perde devagar, mas com certeza, a visão geral e o contato; ou é o VELHO CRONICAMENTE INSATISFEITO, um ser humano que ficou pendurado em suas projeções e que vive em guerra com o mundo. Ele não descobre seus próprios jo­gos e, ignorante, apega-se a tudo o que é material.

Na variedade de jogos não salvos da vida sempre se deve ansiar também pe­lo outro lado, neste caso, o lado salvo. Assim, junto com os sintomas típicos e dis­seminados do idoso distraído carregado de conhecimento, aparece nitidamente à tarefa. Há bastante tempo míope, ele também já é há décadas um presbíope. Ele deve, portanto, ver o todo de perto e de longe, encontrar a totalidade em si mes­mo e no exterior. O "sábio moderno" é sábio no sentido tradicional do velho vi­dente.

Outro aspecto do arquétipo redimido é o do VELHO TOLO, que descobriu a liberdade em si mesmo e não tem mais de provar nada. Não é raro que nesses momentos as suas risadas ecoem pelo mundo, pois, olhando para trás, mal consegue entender como tudo sempre foi simples e como ele se portou de modo tão ridiculamente tolo.

Na Idade Média existia o cargo de bobo da corte que, com a sua literal liber­dade de bobo, podia fazer o que quisesse. Conquanto escolhesse uma maneira di­vertida, ele até mesmo podia dizer a verdade na cara dos reis. No caso ideal, os bobos da corte mantinham as verdades mais profundas diante dos olhos e ignoravam conseqüentemente as posições cotidianas e as vantagens em pri­meiro plano. Naturalmente, pessoas idosas especialmente inteligentes e despertas tinham condições de preencher essa posição com a necessária graça e a profundidade adequada.

Uma figura dessas também vale ouro na nossa época. Basta imaginarmos a política, independentemente dos partidos e suas mesquinhas brigas pelo dinheiro e seus visíveis interesses, obrigados ao grande e ao todo e, além disso, suficiente­mente engraçados e inteligentes para dizer o que é indizível e expressar o impen­sável nas piadas, rompendo tabus e rindo de si mesmos e do mundo. A política pode tornar-se interessante outra vez e ser divertida. Enquanto os VELHOS ABUTRES DO PODER, um arquétipo especialmente difundido entre nós, ainda lutam pela compreensão, ele já poderia fazer o relatório anual e divertir-se com o medo da tomada do poder por forças mais jovens.

Quando o desenvolvimento para tornar-se um perfeito tolo estagna, surge o VELHO ALUADO, ESQUISITÃO, que vive confuso em seu pequeno mundo e não pode mais ser entendido, porque ele se enredou e perdeu seu caminho. Em algum mo­mento, ele considera o seu pequeno lote de terra o mundo propriamente dito, e se esquece da vida real.

Uma caricatura igualmente antipática do velho sábio é o VELHO DESORDEIRO E CRÍTICO, que sabe tudo melhor e que, na maioria das vezes, não consegue fazer nada. Se realmente já tivesse feito algo melhor alguma vez, não precisaria estar cronicamente insatisfeito. Em vez de estimular os outros com a sua provocação e idéias nada convencionais, ele se torna uma pessoa mal-afamada, que dá nos nervos, que aborrece a todos. Ele critica tudo e sobre tudo tem algo a dizer, embora, na verdade, nada tenha a dizer. Ele se leva amargamente a sério, e nisso ninguém pode acompanhá-Io. Todo o seu aspecto despertaria o riso assim que ele surgisse, caso isso não fosse tão triste. Ao contrário do BOBO DA CORTE que representa o TOLO, o CRÍTICO torna-se um TOLO no sentido mais amargo do termo.

O IMPASSÍVEL, que em tudo vê a função da lei e se reconcilia com as coisas aceitando-as como elas vêm. A sua maneira encontrou o centro. Um bom exemplo é dado por um mestre zen, que uma mulher de um povoado próximo acusa de ser o pai do seu filho, por medo da família. Quando a criança nasceu, a comuni­dade da aldeia entregou a criança ao mestre tremendo e xingando. Mas este ape­nas disse: "Ora, ora" e pegou a criança. Quando, três anos depois, a mulher con­fessou a verdade, os aldeões procuraram o mestre zen e se desculparam eloqüentemente, pedindo a criança de volta. Ele disse: "Ora, ora” e entregou-lhes a criança sadia e animada.
A BOA AVÓ, que despertou a criança dentro de si outra vez para a vida e com essa compreensão aceita todas as formas de vida com compaixão, a seu modo voltou ao centro da mandala. Uma avó é o melhor que pode acontecer às crianças que estão no início do caminho. A sua irmã sombria é a VELHA SOLTEIRONA, a menina tar­dia, que ainda espera pelo príncipe, uma espécie de Cinderela que se resignou.

O BOM PASTOR e professor de sabedoria, que transmite aos outros o conhecimento obtido e concretizado em si, por sua vez é muito mais raro do que o FANÁTICO RELIGIOSO diligente, de cujo alento ardoroso ninguém está certo e que, evi­tado por todos, só se torna um seguidor inoportuno. O maior dos erros é o fato de o FANÁTICO RELIGIOSO ainda abusar do nome de Deus nesse jogo egoísta.

A nossa cultura conhece os quatro arquétipos redimidos, predominante­mente na forma masculina, como MESTRES, VELHOS SÁBIOS, TOLOS SÁBIOS E BONS PAS­TORES. Naturalmente, também podemos vesti-Ias com trajes femininos: A MES­TRA, A MULHER SÁBIA, A VELHA EXTRAVAGANTE E A GRANDE MÃE. Entre os arquétipos redimidos existem muitas misturas e igualmente as variantes não redimidas. É claro que só existe um centro e, nele sempre está à libertação. Os quatro padrões certamente resultam dos matizes, que em dado momento surgem no caminho por meio dos elementos. Naturalmente, o TOLO SÁBIO também tem a oportuni­dade de ensinar. O BOM PASTOR pode trazer em si a clareza do SÁBIO e a compai­xão da GRANDE MÃE que, por sua vez, pode ter encontrado também a liberdade do TOLO e a pureza do SÁBIO.
Dos padrões não redimidos existe um grande número que oferece varieda­des mais ou menos claras das variantes redimidas, mas a qualidade redimida sem­pre transparece ainda. O VELHO GRISALHO, que segue como um lobo solitário pela vida e que se alimenta da sua amargura, de certo modo é o pólo oposto do VELHO SÁBIO. Enquanto o último não pode mais levar a sério a si mesmo e a superficiali­dade do mundo, o lobo cinzento é amargamente sério quanto aos seus anseios. Como o orgulhoso e velho guerreiro, na maioria das vezes passa despercebido ou é vencido pela maioria dos jovens, o que torna a sua amargura e decep­ção ainda mais intensas. Em vez de exagerar divertidamente a realidade banal, ele está totalmente preso a ela e enredado nos seus problemas pessoais, como se lutas­se como único lutador por alguma causa justa, ou seja, contra algum suposto ini­migo ou seguindo pela vida como um velho salteador. Muitas vezes, ele perde o contato com a realidade dos outros e isola-se no seu mundo fictício. Na política, encontramos esse tipo entre as panteras grisalhas, que gritam mais alto do que os jovens lutando por posições e direitos dos idosos. A salvação na sua vida só está em concentrar todos em um.

O VELHO SOLTEIRÃO, que caminha pela vida inflexível e com suposta dignida­de, é outra variante. Irreconciliável e rigoroso, consigo e com o mun­do, ele não tem piedade e acha que está certo até o fim. O seu objetivo é caminhar lentamente mantendo a mais perfeita sinceridade pessoal.

Uma variante excitante e repleta de humor é a da velha raposa, cujo arqué­tipo impõe medo aos criminosos nos filmes de televisão, como o "velho" bandi­do. Ou, no plano mais livre, o do tolo grisalho, que impõe horror aos outros.

A velha bruxa ou a solteirona amarga, que se vê como vítima do mundo mau e que por sua vez ficou má, está visivelmente presa nas projeções. Assim como a In­quisição projetou todo o mal do seu mesquinho mundo clerical sobre as "bruxas", ela atribui todo o seu fracasso ao mundo. Envenenada pela própria amargura, ela borrifa veneno e está convencida de que os outros a mataram ou tencionam fazer is­so. Sua inveja e sua luta visam à juventude vital, que ela persegue nos contos de fa­da e na vida.

O velho avarento se assemelha aos velhos urubus do poder em muitos as­pectos, à medida que prende a sua alma ao poder material. Ele com razão têm me­do do fim que se aproxima, pois isso também é o fim das suas ilusões, o que in­tuiu durante toda a sua horrível vida. Conseqüentemente, ele vive num inferno muito tempo antes da morte por confundir o ouro interior com o exterior.

O tipo antes-tudo-era-melhor obviamente ficou preso no passado e lamen­ta os tempos idos e as chances que perdeu. Com freqüência tem a sensação de ter desperdiçado a vida, porque os bons velhos tempos passados com suas fantásticas situações não voltam mais. Os tempos não serão mais tão bons a ponto de se abrir mais uma vez, e é provável que nunca tenha se aberto, pois o velho tempo bom por definição está sempre no passado. A busca pelo tempo dourado continua tão sem perspectiva como a busca do Eldorado, en­quanto não for transferida para dentro.

A velha bisbilhoteira lava a roupa suja das outras pessoas em público. Tam­bém é conhecida como a velha mexeriqueira. Falar sobre os outros, em vez de se de­senvolver, é o seu modelo. Constantemente ela apresenta conselhos indesejados so­bre como poderíamos fazer tudo melhor, sem nunca tomar ela mesma a iniciativa. Para não ter de ver a si mesma, ela olha permanentemente para os outros e, na maio­ria das vezes, os torna tão maus como ela mesma se sente (inconscientemente). A salvação para ela é entender o exterior ao qual está exposta como um espelho.

O velho andarilho conhece o mundo melhor do que conhece a si mesmo. Recusa-se a envelhecer, e transformou a mudança para aprender a ter medo numa viagem. Na união com gente jovem ele se deixa levar ao redor do mundo: como um hippie tardio, vai de lugar para lugar fugindo de si mesmo. Ele se orgulha por nenhum país e nenhuma mulher o terem retido, e não teme mais nada na vida tanto quanto teme um espelho, no qual tem de se reconhecer. Enquanto vai so­brevivendo, mais mal do que bem, torna-se cada vez "atrasado" para uma vida pes­soal. Orgulhoso de sua liberdade, ele não percebe que os outros, que não vivem constantemente fugindo, gozam de mais liberdade que ele. Uma fase tardia de es­calação desse modelo é o velho vagabundo que, transformado em gramínea que cresce nas costas marítimas da vida, foge desse conhecimento refugiando-se no ál­cool. Em sua fuga constante transformada num vício vale à pena descobrir outra vez a busca que visa chegar ao próprio centro.

O velho bode lascivo é o lamentável resíduo do jovem eterno, que não en­controu nenhuma saída ou desvio elegante da vida, mas também não quis largar o seu modelo. Ele continua tentando provar a sua virilidade com conquistas, o que fica cada vez mais difícil com o avanço da idade, e é também cada vez menos re­conhecido pelo meio ambiente. Além do implante dos dentes e do cabelo, ele ten­de a cumprir rituais de ingestão de pílulas para potência.

 A dama perfeitamente arrumada é o pendente que não ficou pronto com a idade e a vida. Ela entrega o seu corpo como campo de pesquisa para a medicina cosmética. Apesar do custo desse sacrifício, a playgirl que envelhece tem uma dificuldade ainda maior do que a do correspondente masculino. Em algum momento, no entanto, ninguém mais quer brincar com eles, e muito menos tornar-se joguete dos mesmos. 

Entrevista com o Dr. Jorge Carvajal, médico cirurgião da Universidade de Andaluzia, Espanha, pioneiro da Medicina Bioenergética. (10 de março de 2009)

Qual adoece primeiro: o corpo ou a alma?
A alma não pode adoecer, porque é o que há de perfeito em ti, a alma evolui, aprende. Na realidade, boa parte das enfermidades são exatamente o contrário: são a resistência do corpo emocional e mental à alma. Quando nossa personalidade resiste aos desígnios da alma, adoecemos. 
 A Saúde e as Emoções
Há emoções prejudiciais à saúde? Quais são as que mais nos prejudicam?
70 por cento das enfermidades do ser humano vêm do campo da consciência emocional. As doenças muitas vezes procedem de emoções não processadas, não expressadas, reprimidas. O medo, que é a ausência de amor, é a grande enfermidade, o denominador comum de boa parte das enfermidades que temos hoje. Quando o temor se congela, afeta os rins, as glândulas suprarrenais,os ossos, a energia vital, e pode converter-se em pânico.

Então
nos fazemos de fortes e descuidamos de nossa saúde?
De heróis os cemitérios estão cheios. Tens que cuidar de ti. Tens teus  limites, não vás além. Tens que reconhecer quais são os teus limites e superá-los, pois, se não os reconheceres, vais destruir teu corpo.

Como é que a raiva nos afeta?

A raiva é santa, é sagrada, é uma emoção positiva, porque te leva à autoafirmação, à busca do teu território, a defender o que é teu, o que é justo. Porém, quando a raiva se torna irritabilidade, agressividade,ressentimento, ódio, ela se volta contra ti e afeta o fígado, a digestão, o sistema imunológico.

Então a alegria, ao contrário, nos ajuda a permanecer saudáveis?

A alegria é a mais bela das emoções, porque é a emoção da inocência, do coração e é a mais curativa de todas, porque não é contrária a nenhuma outra. Um pouquinho de tristeza com alegria escreve poemas. A alegria com medo leva-nos a contextualizar o medo e a não lhe darmos tanta importância.

A alegria acalma os ânimos?
Sim, a alegria suaviza todas as outras emoções, porque nos permite processá-las a partir da inocência. A alegria põe as outras emoções em contato com o coração e dá-lhes um sentido ascendente. Canaliza-as para que  cheguem ao mundo da mente.

E a tristeza?

A tristeza é um sentimento que pode te levar à depressão quando te deixas envolver por ela e não a expressas, porém ela também pode te ajudar. A tristeza te leva a contatares contigo mesmo e a restaurares o controle interno. Todas as emoções negativas têm seu próprio aspecto positivo.Tornamo-las negativas quando as reprimimos.

Convém aceitarmos essas emoções que consideramos negativas como parte de nós mesmos?

Como parte para transformá-las, ou seja, quando se aceitam, fluem, e já não se estancam e podem se transmutar. Temos de as canalizar para que cheguem à cabeça a partir do coração. Que difícil! Sim, é muito difícil. Realmente as emoções básica são o amor e o medo (que é ausência de amor), de modo que tudo que existe é amor, por excesso ou deficiência. Construtivo ou destrutivo. Porque também existe o amor que se aferra, o amor que superprotege, o amor tóxico, destrutivo.

Como prevenir a enfermidade?

Somos criadores, portanto creio que a melhor forma é criarmos saúde. E, se criarmos saúde, não teremos que prevenir nem combater a enfermidade, porque seremos saúde.

E se aparecer a doença?

Teremos, pois, de aceitá-la, porque somos humanos. Krishnamurti também adoeceu de um câncer de pâncreas e ele não era  alguém que levasse uma vida desregrada. Muita gente espiritualmente muito valiosa já adoeceu. Devemos explicar isso para aqueles que creem que adoecer é fracassar.

O fracasso e o êxito são dois mestres e nada mais. E, quando tu és o aprendiz, tens que aceitar e incorporar a lição da enfermidade em tua vida.. Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio aumenta.

Então, o que podemos fazer para nos libertarmos dessa angústia?

Não podemos fazer passar a angústia comendo chocolate ou com mais calorias,ou buscando um príncipe fora. Só passa a angústia quando entras em teu interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O stress é outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir  quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.
  O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?
A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. Minha recomendação é que a gente ponha o relógio para despertar 20 minutos antes, para não tomar o tempo de nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã, quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.

O que é para você a felicidade?

É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós, quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida cotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência. Viver o Presente.

É importante viver no presente? Como conseguir?

Deixamos ir-se o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém fora. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.

Na sua opinião, estamos tão confusos assim?
Temos três ilusões enormes que nos confundem:
Primeiro: cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e se acaba com a morte.
Segundo: cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência.. Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer.
Terceiro: ilusão é o poder; desejamos o poder infinito de viver no mundo. E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor a gente sempre pode renovar-se, porque ordena tudo. No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então se restaura a harmonia. Agora, pela perspectiva humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.
Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego. O que habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína, da maconha ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para apoiar-se, em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e libertar-me. O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes nos sentimos atados a um amor. Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queima o dedo.Há amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para acender a lenha do verdadeiro amor. Quando a lenha está acesa, produz fogo. Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.
  

SUSTO E ANGÚSTIA

A diferença entre eles:

Susto - Refere-se à aparição súbita de um estímulo inesperado e a qualidade de seu feito é a surpresa;

Angústia – É considerada uma vivência que causa desprazer, semelhante ao medo, mas se diferencia deste por necessitar da presença de coisa real para seu desencadeamento.

A diferença entre o susto e a angústia é que a angústia é um estado de expectativa, de preparo e o susto é um estado inesperado e os acontecimentos adquirem qualidades traumáticas e dramáticas.

A angústia serve de preparo para o susto, servindo de proteção para este.  E é imprescindível como mecanismo de defesa do aparelho psíquico.  



CRISES PÓS-PARTO

Ao nascimento como ritual de entrada na vida, segue-se uma série de crises para todos os envolvidos. Enquanto a vida da mãe muda totalmente e o filho ocupa o ponto central, o pai, acostumado a ocupar esse lugar, muitas vezes viverá uma crise.

Mas, sobretudo para a mãe, a mudança e os medos associados a ela no que diz respeito ao seu novo papel e à responsabilidade desacostumada podem apresentar traços de crise, até a depressão puerperal.  


DEPRESSÃO PUERPERAL
Como em toda depressão, essa também chega a um abandono da vida que parece exigir demais e muito difícil. A mulher foge da tensão acumulada que o filho traz à sua vida, para pseudodescontração da depressão. 

Ela deixa a si mesma e os outros na mão, e atribui a responsabilidade da nova situação ao ambiente. Conforme a gravidade da depressão, os pensamentos relativos às ameaçadores limitações inescapáveis, à exigência e ao rigor exagerados até a lida com a morte podem penetrar na consciência. No caso dos desejos de morte ou intenções suicidas, a tendência para a fuga torna-se totalmente visível. Nesse caso temos a impressão de que a mãe não estava preparada para a gravidez e menos ainda para o filho.


A PSICOSE DA AMAMENTAÇÃO
A psicose do puerpério ou psicose da amamentação pode ser enquadrada de modo semelhante à depressão. Como em toda psicose, trata-se de uma fuga do próprio mundo considerado insuportável para uma pseudo-realidade psiquicamente suportável. O surgimento de novos desafios é vivido tão intensamente e as reservas espirituais da mãe são tão pequenas, que ela vê na fuga a sua única saída.

Terapeuticamente, é preciso cuidar para que a mãe possa gozar de uma boa hora de sono. Não raro são as fases perturbadas ou ausentes de sonho que levam à proximidade da psicose. Estudos demonstram que os sonhos noturnos são decisivos e de grande importância para a saúde psíquica.


PERDA DO DESEJO
A perda do desejo pode perecer inofensiva, mas nela pode haver algo de muito explosivo. O pai percebe que ficou relegado ao segundo plano, é expulso do seio e da cama da mulher. Se existirem problemas não confessados com o papel de pai, isso pode causar grandes dificuldades que, por certo, não têm base no âmbito racional, mas em problemas inconscientes de auto-estima. Quem considera sua mulher sobre tudo como uma posse, sente-se roubado. Quem percebeu nela a protetora e a mãe, agora acredita que foi expulso  ou ao menos preterido. Quem a classificou como objeto de prazer, agora tem de admitir com pesar que obviamente existem coisas mais importantes na vida, entre as quais estão nutrir e cuidar do bebê.

Com freqüência, as dificuldades não aparecem de modo tão direto, mas só se mostram mais tarde, do ponto de vista sexual, o que pode dever-se tanto ao homem quanto à mulher, como naturalmente a ambos. Não são poucos os casais que caem num abismo sexual com o nascimento de um filho.

Com o início da amamentação, é comum surgir ciúme adicional, que também pode impedir ou perturbar muitas coisas. O homem é expulso do seu papel infantil, ou seja, não está mais em primeiro lugar para a mulher.

Para dificultar as coisas, pode acontecer de a esposa sentir-se rebaixada, porque não é mais aceita pelo marido como uma mulher (inteira), mas apenas como amante ou como substituta da mãe.

Se o desejo da parte da mulher arrefecer, isso pode dever-se ao fato dela ter agora tudo o que sempre desejou e de ter usado inconscientemente o modelo de Afrodite para servir ao objetivo da maternidade.

Deve-se entender que com o parto, a mulher entra visivelmente numa nova qualidade de tempo da sua vida, que estabelece novas prioridades.

  
PROBLEMAS DE ADAPTAÇÃO INFANTIL
A mudança para o recém-nascido é enorme. Ele tem que elaborar a passagem do ser aquático para o terrestre, o que faz parte decisiva da evolução. Com isso, repetimos os passos da história do desenvolvimento das espécies.  

Como toda vida, começamos como uma célula e nos transformamos num ser aquático com muitas células. Depois de milhões de anos da saída da água, somos compostos de 2/3 de água. A água celular manteve composição semelhante à água do mar primordial. A despedida do reino aquático, com a mudança para terra e a entrada no reino do ar é um enorme passo na evolução, mesmo que ela nos tenha feito aterrar de barriga, como um réptil. Finalmente, erguemo-nos sobre os quatro membros e engatinhamos, conquistando o reino dos mamíferos. Ficamos de pé sobre as patas traseiras, o passo decisivo para a humanização, e essa conquista temos de repetir, cada um para si.

Em muitas culturas arcaicas as mães suavizavam a mudança pós-parto amarrando o recém-nascido na barriga, para sentirem a proximidade e proteção.

Alguns sinais indicam que essa mudança é difícil para os recém-nascidos. Os berradores saúdam a nova situação com barulho.  Aqui são liberadas as agressões e os desesperos, que muitas vezes encontram eco em outros membros da família, em geral os extremamente nervosos.

A cólica dos 3 meses ataca com agressividade os pais sobrecarregados por meio de padrões semelhantes, ficando visível que os pequenos não conseguem digerir bem a nova vida.

As crianças demonstram com sua gritaria como o mundo é doloroso para elas. Os meninos são mais atingidos do que meninas, isso pode indicar que o sexo masculino possui maiores dificuldades de adaptação, com mais dificuldade para se livrar das agressões e que os meninos estão mais distantes do reino da matéria.

O psicanalista René Spitz propõe outra explicação para a cólica dos 3 meses, ela se baseia na observação de que as crianças de orfanato praticamente não a conhecem. Quando a mãe do bebê cuida muito dele, especialmente quando o amamenta, segundo o sistema da necessidade, isto é, dá o seio assim que o bebê chora, ela aumenta a probabilidade de que haja cólicas. Adicionalmente os pesquisadores encontraram tensão muscular entre os bebês chorões. Spitz parte do fato de que essas crianças não estão com fome quando berram, mas apenas buscam uma possibilidade de se livrarem de sua tensão. Se a cada vez recebem o seio ou a mamadeira, eles de fato podem eliminar algumas tensões mamando e logo depois ficarem tranqüilos, mas, a longo prazo, o problema só se agrava, porque a cada vez recebem uma alimentação de que o sistema digestivo não precisa. Por melhor que amamentar sob pedido seja para muitos bebês, a alimentação só deveria ser dada depois da fome. No caso do choro para eliminar a tensão, o alimento é a resposta incorreta e desencadeia um círculo vicioso. A experiência defende essa interpretação, visto que a cólica dos 3 meses é desconhecida nos filhos que são carregados sobre a barriga das mães indígenas. Esses bebês têm suficiente alívio da tensão pelo duradouro contato da pele e o balanço contínuo.

Talvez a cólica dos 3 meses seja uma tentativa sintomática de receber contato de pele, tão necessário ao desenvolvimento. Nesse caso, a experiência diz que o uso da chupeta pode ser útil e também o sono num berço de balanço. Para as crianças de abrigo, os gritos trazem pouco resultado, visto que nenhuma mãe preocupada reage a eles e, dessa maneira, não recebem nenhuma dedicação. Por isso também não são alimentados em horário impróprio e são poupados da cólica. A melhora após 3 meses segundo Spitz, isso ocorre porque as crianças desenvolvem outra possibilidade de se livrarem de suas tensões.


PROBLEMAS DA AMAMENTAÇÃO
Os problemas da amamentação podem ter suas raízes tanto na mãe como no filho e também conter traços de crise.

Se a mãe não tem leite, isso muitas vezes é sentido como uma carência, o que realmente não deixa de ser verdade. Por trás disso está naturalmente uma tentativa inconsciente, mas clara, de não dar nada de si ao filho, deixando de alimentá-lo.

  Se a criança não toma a iniciativa de mamar, a responsabilidade é visivelmente dela, e aí é preciso decidir se ela não pode ou se ela não quer. Possivelmente ela é tão fraca ou imatura que o reflexo da sucção ainda não funciona. Nesses casos, seria natural interpretar literalmente a situação responsável por isso. Se ao contrário, um bebê maduro rejeita o seio materno, a crise muitas vezes foi programada. Enquanto a mãe, que recusa seu leite, sempre pode fugir para as racionalizações médicas neste caso a nitidez da mensagem fica dolorosamente clara: o filho não aceita nada que venha dela e não quer nada dela. Muitas mães sentem isso claramente e se sentem rejeitadas. Os motivos podem estar na gravidez, mas igualmente em experiências precoces.


A PRÓPRIA CAMA
Existem diversos caminhos para a cama dos pais: durante ou depois de uma doença, o que irá ensinar a criança o quanto poderá lucrar com elas; férias; quando não há quarto próprio ou quando está com avó.

O que de início pode parecer tão doce e na amamentação noturna revela-se prático, com o tempo pode dar nos nervos dos pais e, no sentido duplo da palavra, ser irritante. Direitos uma vez adquiridos são teimosamente defendidos pelos filhos.

Quem achar que os filhos ainda não têm um ego ou consciência de seu poder mudará de opinião rapidamente. Os direitos adquiridos são defendidos aos berros. Enquanto nenhum dos lados ceder, a luta persistirá, e muitos pais poderão se espantar com a energia que os filhos possuem.  Então o mais esperto cede, naturalmente são os pais, que a fim de evitar uma crise, perdem a primeira luta pelo poder. Mas, assim, a próxima crise é programada e traz um estopim ao relacionamento, a começar pelo sacrifício do próprio sono, isso sem falar do desejo sexual.


OS DENTES
A ruptura da agressão na vida ocorre em diversos âmbitos quase simultaneamente. Embora a construção do sistema imunológico da criança não seja vivenciada pelos pais com consciência, o rompimento dos dentes, coordenado pelo tempo, raramente passa despercebido.

De início a força ofensiva necessária para a defesa do corpo era recolhida pela mãe na forma de anticorpos, e no parto a criança ainda podia confiar adicionalmente nas próprias forças vitais na forma de contrações. Mas quando o mais duro rompe o mais suave, a criança depende exclusivamente de si. Ela é confrontada com a dor constante, da qual tenta se livrar chorando a plenos pulmões. No início a dor ainda poderá ser controlada pelos pais, mas depois de semanas, quer passar a noite sendo carregada no colo de um lado para o outro e apesar disso, gritam, os adultos podem testar até que ponto e com que consciência resolveram a própria problemática da agressão.

A inflamação crônica da gengiva trai um conflito básico relativo à agressão.


 O DESMAME
Uma crise árdua pode ligar-se ao desmame.  Quando este último resquício do país das maravilhas tem de ser tirado das crianças, elas podem resistir com bravura e até encenar um jogo de chantagem. Tão natural era a nutrição da criança pelo cordão umbilical, que lhe parece natural e obrigatório o acesso ao leite (bar) materno.

Em muitas crianças com 3 anos de idade temos a impressão de que passaram diretamente do seio da mãe para o bar. Ao pedirem sua bebida, isso mal tem relação com a fome. Apenas o tipo de ataque à fonte de leite pode indicar que está em jogo uma problemática de poder.
Especialmente quando o desmame se estende até a fase da birra, será necessário a ambas as partes aprenderem que a chantagem não leva ao objetivo e que se pode lidar com certas dificuldades, mesmo quando não recebemos tudo o que queremos; é exatamente nesse momento que começa de fato a etapa do desenvolvimento.

A problemática do desmame lida com o tema da renúncia. Se a necessidade de ser amamentada  não se encerrar por si ou se esse presumido direito é defendido com teimosia, isso leva a conclusão de que a criança deseja  cuidados duradouros.


 O PRIMEIRO NÃO E A FASE DA BIRRA
Aprender a isolar-se e a dizer não é tão importante para criança que nas provas de poder da fase de birra ela também aprende a perder.  Crianças que geralmente vencem nesse momento, no futuro são as que mais sofrem por isso e estarão sempre em busca de exigir limites confiáveis do seu ambiente. Quanto mais tarde começar o sofrimento causado pela própria teimosia, tanto pior para a criança. Tão importante quanto estabelecer limites para o desenvolvimento do ego é reconhecer que existem outros egos com limites e que esses limites têm de ser respeitados, porque, caso contrário leva-se soco no nariz.

Quando as primeiras frustrações graves acontecem na época de formação profissional, quando a proteção paterna já não está presente, em geral é tarde demais. Essas crianças grandes reagem ofendidas à desacostumada situação de fracasso e não raro fogem dela, em vez de enfrentá-la e continuar o caminho com sua força de ação e disposição de assumir compromissos. Não precisa tratar-se sempre de uma fuga por meio das drogas, mas, de todo modo, um número considerado de viciados provém do contingente daquelas crianças de família que foram vítimas da superproteção (preocupação em demasia) na infância e falta de confrontação com situações de fracasso.


  
LUTAS CLÁSSICAS DE PODER
O nascimento sempre exigirá coragem e força ofensiva de ambas as partes, exatamente  como a primeira infância exige a vontade de realização e a força.

A ameaça vespertina de uma mãe cuja agressão é inibida – “Espere só até o papai voltar para casa!” -, ao contrário, é uma espécie de tortura psíquica, porque a criança passa várias horas com medo. À noite, quando o pai mais agressivo fracassa na execução do castigo prometido, falta a relação do ato com o mal realizado. Agora o lado não solucionado do princípio da agressão festeja triunfos tardios, que podem causar danos realmente graves.

Conforme Dahlke, o grosso dos problemas com crianças pequenas se concentra em três complexos temáticos: os pequenos não comem todo o prato de comida, não enchem o penico e não querem ir para cama do modo como os pais imaginam. Nesse caso, trata-se das clássicas lutas de poder das quais se alimenta a formação de fronteiras de ambos os lados. Muitas vezes a temática oculta não é vista, porque os pais ainda não esperam motivações como essas em crianças de tão tenra idade. Isso, por sua vez, tem a ver com o fato de não aceitarem suas próprias lutas de poder e não desejarem olhar para o espelho que os pequenos dispõem-se  a lhes mostrar.

O melhor seria reconhecer precocemente os mecanismos básicos de poder. Sobretudo deve-se saber que a cada luta pelo poder sempre pertencem no mínimo dois lados.